Mitos sobre as carnes

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Muitos mitos cercam o consumo de carnes e são frequentemente utilizados para desestimular o consumo de uma dieta carnívora ou baseada em animais. No entanto, é importante entender a realidade por trás desses mitos para tomar uma decisão informada sobre a sua dieta.

Abaixo separei os mitos mais comuns em torno do consumo de carne, desde a ideia de que a carne é ruim para o coração até o mito de que a carne é ruim para os ossos.

Compreender a verdade sobre esses mitos pode ajudar a perder o medo de seguir uma dieta que inclua carnes e a aproveitar seus muitos benefícios nutricionais.

Não estamos adaptados ao consumo de carne

Mito. Os humanos têm características distintas que nos tornam capazes de comer preferencialmente animais. Nosso intestino delgado é mais longo do que a média dos primatas e nossos cólons são menores. Com nosso intestino delgado maior, estamos adaptados a comer alimentos mais densos em nutrientes, como carne, e não grandes volumes de alimentos vegetais como nossos parentes primatas. Também temos cérebros muito inteligentes e dedos ágeis para usar ferramentas muito bem para caçar e raspar carne de carcaças.

A carnívora ou baseada em animais não é uma dieta completa

Mito. Os alimentos de origem animal (especialmente quando as carnes de órgãos são incluídos) contêm todas as proteínas, gorduras, vitaminas e minerais que os seres humanos precisam para funcionar. Eles contêm absolutamente tudo o que precisamos, nas proporções corretas.

Confira os materiais extras que abordam vitaminas e minerais. Neles você pode entender mais sobre a função de cada um desses micronutrientes e suas fontes, além de sintomas clássicos de deficiências.

Carne vermelha não é um alimento saudável

Mito. A carne vermelha é realmente uma escolha extremamente saudável e rica em nutrientes. É uma rica fonte de vitamina B12, essencial para o bom funcionamento de quase todos os sistemas do corpo e também contém níveis significativos de outras vitaminas do complexo B, incluindo: Tiamina (B1), Riboflavina (B2), Niacina (B3), Ácido pantotênico (B5), Piridoxina (B6), Folato (B9).

Carne causa câncer

Mito. Por que todos os nutrientes que precisamos para viver (gorduras essenciais, todas as proteínas, vitaminas e minerais) são encontrados na carne se ela estivesse tentando nos matar?

Certamente, isso não se deve à carne — e simplesmente não há evidências científicas sólidas para apoiar a crença de que a carne vermelha aumenta o risco de câncer.

Existem outros fatores, mas é sabido que a obesidade é um importante fator de risco para o câncer, e não há dúvida de que a dieta é a ferramenta mais poderosa disponível para controlar o peso.

Carne faz mal aos rins

Mito. Acredita-se que o aumento de proteína na dieta tenha impacto na função renal. O que precisa ser reconhecido é que a tese de que a proteína dietética é causadora de doença renal não é apoiada por evidências. O medo das proteínas danificarem os rins é  apenas outro caso em que a carne foi culpada pelos pecados dos carboidratos refinados.

O diabetes e a pressão alta causam mais de dois terços de todas as doenças renais crônicas. Prevenir, controlar ou reverter essas duas condições com uma dieta baixa em carboidratos pode impedir o desenvolvimento futuro da doença renal.

Compostos do carvão na carne podem causar câncer

Mito. Não houve ensaios clínicos randomizados e controlados em humanos que apoiam essa mentira como sendo verdade. Há evidências de que humanos e nossos predecessores imediatos cozinharam carne em fogo aberto há centenas de milhares de anos, senão muito mais. Se houvesse algum risco significativo de câncer por causa disso, os humanos seriam extintos ou teríamos parado de cozinhar carne por esse método há milhares de anos. Faz parte de nossa dieta ancestral, tanto quanto a arqueologia e a antropologia podem rastrear.

Se você já tentou cozinhar carne fresca em fogo aberto, mesmo com os mais modernos equipamentos para grelhados, você conhece a impossibilidade de não carbonizar pelo menos um pouco da carne.  Assim, desafia o bom senso afirmar que os humanos devem ter medo de carnes grelhadas.

Carne causa gota

Mito. Comer carne vermelha não causa gota. Os alimentos mais propensos a causar gota são: bebidas açucaradas, óleos vegetais, carboidratos refinados; álcool excessivo (cerveja em particular). Tenha certeza de que uma dieta cheia de alimentos ricos em nutrientes, como por exemplo: carne vermelha, fígado, mariscos e peixes gordurosos não está colocando você em risco de desenvolver essa condição.

Quem tem gota não pode comer carne vermelha.

Mito. Indivíduos que reduzem a ingestão de proteína animal muitas vezes não sentem alívio da gota, pois não é o consumo de purinas dietéticas que resulta em gota, mas sim o acúmulo de ácido úrico. E como a insulina elevada é o que faz com que o corpo retenha o ácido úrico, a solução mais eficaz a longo prazo não é diminuir a ingestão de purinas, mas diminuir a insulina.

Muita carne leva à ferritina alta

Mito. É comum que as pessoas acreditem que a ferritina (que é uma proteína que se liga ao ferro) está alta porque a pessoa está comendo muita carne. A carne é, de fato, rica em ferro. A grande maioria das pessoas que têm ferritina elevada não têm ferritina elevada porque estão consumindo muito ferro. Elas têm ferritina elevada por alguns motivos.

  1. Um deles é uma doença genética chamada hemocromatose que podemos herdar um alelo de um dos pais (ou na forma mais severa pode ser herdada do pai e da mãe, na forma homozigota). A hemocromatose não tem muito a ver com a dieta. Se a pessoa portadora dessa doença comer uma dieta mais pobre em ferro terá a ferritina elevada da mesma forma.
  2. Hoje, com a proliferação da síndrome metabólica, da resistência à insulina e da obesidade, a causa mais comum de ferritina elevada tem a ver com gordura no fígado (esteatose). A ferritina está presente nas células do fígado. Quando essas células adoecem e morrem, elas liberam a ferritina que está contida dentro delas.
  3. Ou também pode estar relacionada com doenças inflamatórias crônicas como artrite reumatóide e doenças autoimunes mais graves que produzem a elevação da ferritina.

Carnes são perigosas por causa da gordura saturada e colesterol

Mito. A gordura saturada e o colesterol presentes em produtos de origem animal são absolutamente necessários para o bom funcionamento dos nossos corpos. É um fato que a carne é rica em gordura saturada e colesterol. Porém, o mito é que você teria que se preocupar com isso, já que não apresentam efeitos adversos no colesterol sanguíneo nem aumentam o risco de doença cardíaca.

Carne é ruim para o coração

Mito. As doenças cardíacas têm sido um grande problema para nós apenas há cerca de 50 anos. O maior culpado é, portanto, algo que é novo em nossas dietas e a evidência atual aponta mais fortemente para os carboidratos refinados e de alto índice glicêmico —  e não para a gordura, a carne ou o colesterol. Não há evidências de ensaios clínicos randomizados — o tipo de estudo que poderia estabelecer causa e efeito — de que o consumo de carne vermelha aumente o risco de doença cardiovascular.

A carne causa diabetes

Mito. Que a carne supostamente causa diabetes tipo 2 é um excelente exemplo da falta de confiabilidade dos estudos observacionais. Como com muitas outras doenças, estudos observacionais encontraram uma associação entre o consumo de carne e diabetes tipo 2.

No entanto, as verdadeiras causas da resistência à insulina são mais prováveis: muito açúcar, muitos carboidratos processados e muitas refeições (principalmente na forma de lanches ricos em carboidratos).

Carne é ruim para quem tem endometriose

Mito. Acontece que, de modo geral, pessoas que comem mais carne vermelha costumam ser menos ativas fisicamente, mais propensas a fumar, possuem um IMC mais alto (uma medida de obesidade), ingerem mais álcool e possuem tendência para escolhas alimentares menos saudáveis. Estou imaginando algumas conhecidas agora, que comem muitos hambúrgueres com fritas, tomam refrigerante e muito álcool, fumam, bebem e nunca se exercitam. Este realmente é um estilo de vida que é ruim para a endometriose, e pode levar a graves problemas de saúde, mas a culpa não é das carnes. Quem tem endometriose pode comer carne e/ou seguir uma dieta carnívora ou baseada em animais.

Carne é ruim para a fertilidade

Mito. Não há qualquer artigo sério, publicado em revista médica indexada, ou seja, confiável, de onde podemos extrair a informação de que existe uma diminuição da chance de engravidar associada ao consumo regular de carne. Carne é vida, é essencial na alimentação do ser humano e NÃO diminui sua fertilidade. A carne vermelha, em particular, é uma fonte rica de vitamina B12, que é essencial para a saúde do sistema reprodutivo e pode, portanto, favorecer a fertilidade. Além disso, a carne contém vitaminas do complexo B, ferro, zinco e outros nutrientes que ajudam na fertilidade.

Quem tem tipo sanguíneo A não pode comer carne

Mito. A dieta do tipo sanguíneo foi popularizada por um médico naturopata chamado Dr. Peter D'Adamo no ano de 1996. Não foi realizado um único estudo bem desenhado para confirmar os benefícios da dieta do tipo sanguíneo. Se você é humano, está adaptado à carne.

Frango está cheio de hormônios

Mito. É comum ouvir que a carne de frango tem hormônios, utilizados nas granjas para seu crescimento. Essa informação, no entanto, é equivocada. Alimentar essas aves com rações enriquecidas com hormônios sintéticos ou mesmo injetá-las nas aves é proibido pela Instrução Normativa do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento) nº 17, de 18 de junho de 2004.

A carne "sangra"

Mito. Muitas pessoas acreditam que a carne "sangra" quando é cozida, mas na verdade o líquido vermelho que é liberado durante o cozimento não é sangue. A carne é drenada de seu sangue quando é abatida. O líquido que é liberado durante o cozimento é na verdade uma mistura de água e uma proteína chamada mioglobina, que dá à carne sua cor vermelha característica. Quando a carne é cozida, a mioglobina se decompõe e libera água, criando o líquido que muitas pessoas associam erroneamente ao sangue.

Carne apodrece dentro de você

Mito. O que acontece quando comemos carne é que ela é decomposta pelo ácido estomacal e pelas enzimas digestivas. No intestino delgado, as proteínas são decompostas em aminoácidos e as gorduras em ácidos graxos. Depois disso, são absorvidos pela parede digestiva e pela corrente sanguínea. Não há mais nada para “apodrecer” em seu cólon. Nosso sistema digestivo é bem projetado para digerir carne a fim de usar sua ampla gama de nutrientes, como ferro, zinco e vitaminas B.

Carne aumenta o risco de morte

Mito. O problema não está na carne, mas sim na forma como ela é consumida. Estudos epidemiológicos apontam que as pessoas que comem carne vermelha geralmente têm outros hábitos pouco saudáveis, como fumar, ter uma vida sedentária, pesar mais, ter diabetes, consumir mais calorias diárias e beber mais álcool. Essas são variáveis confusas que dificultam a análise dos dados, tornando difícil determinar se a carne vermelha é realmente a causa do problema.

Os estudos epidemiológicos podem levantar hipóteses, mas não estabelecem uma relação de causa e efeito definitiva, apenas uma correlação.

Embora a morte seja inevitável, hábitos alimentares e de vida saudáveis podem prolongar a vida. Por isso, é importante consumir carne de forma adequada e balanceada, fazendo parte de uma dieta saudável.

Carne é ruim para a longevidade

Mito. Um dos principais problemas com a literatura que cerca a restrição de proteínas para a longevidade é que ela vem principalmente de estudos em camundongos, que não são modelos apropriados para extrapolar os efeitos em humanos. Quando se trata de estudar o envelhecimento e os meios para retardá-lo, os ratos não são equivalentes a pequenos seres humanos. Simplesmente não existem dados em humanos que dêem suporte a esta teoria. Ela é baseada em especulação com o que acontece em outras espécies, porém os desfechos da restrição proteica que são de fato observados em humanos (como maior perda de massa muscular, e menor saciedade) não sugerem uma relação positiva com a longevidade (muito pelo contrário).

A carne torna nosso corpo ácido

Mito. É verdade que os alimentos deixam para trás cinzas alcalinas ou ácidas e, em geral, os alimentos de origem animal são ácidos, enquanto os vegetais são alcalinos. Também é verdade que o que comemos causa alterações temporárias no pH da urina. No entanto, o consumo de alimentos não altera o pH do sangue, que é rigidamente controlado em 7,4, e o pH da urina não se correlaciona com a saúde. Além do mais, os ensaios clínicos não apoiam a hipótese ácido-alcalina.

A carne é ruim para os nossos ossos

Mito. Há evidências contundentes de que uma dieta rica em proteínas está associada à melhora da densidade óssea e a um menor risco de osteoporose e fraturas na velhice.

Este é um ótimo exemplo de onde seguir cegamente a  sabedoria convencional  em nutrição levará ao resultado exatamente oposto.

A carne nos faz engordar

Mito.  A verdade é que a carne é um alimento favorável à perda de peso porque é rica em proteínas. Vários estudos descobriram que, ao aumentar a quantidade de proteína na dieta, as pessoas reduzem automaticamente a ingestão de calorias em várias centenas de calorias por dia, colocando a perda de peso no “piloto automático”. Na verdade, quanto mais você passar a basear a sua dieta no consumo de carne (e menos de outros alimentos), mais fácil será para você  perder peso.

Carne é inflamatória

Mito. Nos últimos 50 anos, a carne foi responsabilizada por quase todas as doenças, incluindo inflamações, mas a verdade é que a carne não é inflamatória.

Lembre-se que o contexto importa e a maioria das pessoas que comem carnes, comem carnes processadas e/ou carnes feitas em óleo vegetal, acompanhadas de pães, batatas fritas, refrigerantes, sobremesas, álcool.

Grávidas e lactantes não podem fazer dieta carnívora ou baseada em animais

Mito. Nossas necessidades psicológicas por outros alimentos podem divergir de nossas necessidades fisiológicas, porém todo ser humano é capaz de comer e utilizar carne e gordura animal (exceto algumas condições genéticas que já emergem na infância e geralmente causam morte prematura). Portanto, as grávidas e lactantes podem adotar a dieta carnívora/baseada em animais.

Disclaimer

É recomendado que grávidas e lactantes façam dietas acompanhadas de um nutricionista para que possam ajustar suas necessidades de macronutrientes, micronutrientes e suplementação, de acordo com suas necessidades específicas durante esses períodos.

Durante a gravidez e a amamentação, o corpo passa por mudanças significativas e requer um equilíbrio adequado de nutrientes para garantir a saúde da mãe e do bebê. Um nutricionista pode ajudar a garantir que essas necessidades sejam atendidas, ajudando a prevenir possíveis deficiências nutricionais e complicações de saúde.