O aborto espontâneo é uma fatalidade comum que acomete de 20% a 25% das mulheres que engravidam. É considerada uma das maiores frustrações da vida reprodutiva de um casal. Mesmo sendo um fato bastante comum nas gestações iniciais, deve merecer um tratamento médico específico e, muitas vezes, um acompanhamento psicológico.
Possíveis causas
As causas de abortamento são variadas e podem ocorrer devido a uma estatística normal de perda, natural do ser humano e comum a todas as mulheres. Mesmo aquelas que já tiveram filhos, mas perderam um bebê sem causa justificada, podem ter problemas específicos de saúde, que devem ser investigados.
São eles: anomalias cromossômicas e genéticas, doenças infecciosas, problemas hormonais, anomalias da estrutura do útero (miomas, malformações, aderências e outras), comprometimentos imunológicos e fatores ambientais. As causas vindas do homem não devem ser esquecidas, mas analisadas começando pelo simples espermograma e continuando com exames como o cariótipo e a fragmentação do DNA espermático. Para cada um desses problemas existe um exame e um tratamento específico.
Hábitos e estilo de vida: tabagismo, consumo excessivo de álcool ou drogas recreativas, má alimentação, sedentarismo ou exercícios físicos exagerados e outros hábitos inadequados podem interferir no desenvolvimento da gestação.
A alimentação inadequada pode ser responsável por um ambiente inadequado de implantação do embrião e por isso deve merecer uma atenção especial, para minimizar as chances de repetição desse processo.
Aspectos nutricionais
Parece natural à primeira vista e os dados científicos demonstram a hipótese de que mulheres saudáveis e com peso dentro da faixa de adequação apresentam melhores resultados nas gestações. Consequentemente, mulheres que apresentam algum tipo de desequilíbrio nutricional, seja definido pelo peso ou análise do hábito alimentar, podem apresentar risco aumentado de complicações na gravidez, como abortamento, por exemplo, em comparação a mulheres na faixa adequada de peso e com consumo alimentar adequado.
Para mulheres que desejam a primeira gravidez e, principalmente, para aquelas que já tiveram problemas em levar uma gestação até o final, estar abaixo ou acima do peso adequado aumenta o risco de abortamento nas primeiras semanas. Inclusive, mulheres em tratamento médico para fertilização parecem apresentar melhores resultados quando encontram-se no peso adequado.
É verdade que diversas doenças estão associadas a abortamentos, mas muitas vezes não se encontram causas aparentes para o mau resultado da gestação. Esta situação, presente em até 25% das mulheres, gera uma frustração ainda maior pela ausência de explicações para o problema. Para estas pacientes, a adoção de hábitos alimentares saudáveis, quando associada à prática de atividade física e a mudanças no estilo de vida, como parar de fumar e diminuir o consumo de bebida alcoólica, podem fazer a diferença na próxima gestação. Por todos estes motivos, independentemente da causa, a alimentação correta deve ser considerada para aumentar as chances de uma gravidez bem-sucedida.
Deficiências de micronutrientes
Como o consumo insuficiente de alguns micronutrientes aumenta o risco de aborto.
Folato (B9)
Seu consumo insuficiente pode aumentar o risco de abortamento, parto prematuro e baixo peso ao nascer. Durante a gestação, sua deficiência está associada a um maior risco de falhas na formação da coluna vertebral e do sistema nervoso do bebê.
A reposição regular é indicada para todas as mulheres que optam por uma gravidez programada e deve ser iniciada antes da concepção, sempre que possível, pois o tubo neural, estrutura precursora do cérebro e da medula espinal, fecha-se entre o 18° e o 28° dia após a concepção.
Demais vitaminas do complexo B
Um dos nutrientes mais importantes para uma gestação saudável são as Vitaminas do Complexo B. A vitamina B6, ou piridoxina, e a B12, ou cobalamina, também desempenham funções de extrema relevância nesse período.
As deficiências de B6 e B12 são associadas ao importante aumento no risco de abortamento.
Outros micronutrientes
Embora grande parte dos casos de abortos espontâneos sejam causados por anormalidades cromossômicas, fatores maternos como estados nutricional pré-gestacional e gestacional e o desequilíbrio entre os minerais também podem favorecer sua ocorrência.
A razão de uma alimentação completa advém da necessidade de garantir o estado nutricional materno para atuar em sinergia com o todo.
A deficiência de micronutrientes como: selênio, cobre, zinco e magnésio também está associada a piores resultados gestacionais. O baixo consumo de alimentos fontes desses minerais pode favorecer o acometimento de carências nutricionais e, em casos mais severos, levar ao aborto espontâneo, à restrição de crescimento fetal intrauterino e a malformações congênitas.
Os minerais e as vitaminas precisam estar em equilíbrio para um bom funcionamento do organismo, e a concentração adequada desses nutrientes só é possível através de uma ingestão alimentar ótima, o que é melhor atingido focando a dieta em alimentos de origem animal e suplementando quando necessário.