Nutrição na SOP e Endometriose

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A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) e a Endometriose são os distúrbios mais comuns que afetam a fertilidade feminina. No entanto, é importante ressaltar que essas condições não são impedimentos definitivos para a concepção. Muitas mulheres com SOP ou Endometriose conseguem engravidar, embora possam enfrentar desafios adicionais.

Tratamento pelo estilo de vida

Cada vez mais, estudos têm demonstrado que o tratamento dessas condições pode ser realizado através de uma combinação de dieta saudável, bons hábitos de vida e, quando necessário, suplementação eficiente.

Uma alimentação nutritiva, aliada a um estilo de vida saudável, pode ajudar a gerenciar os sintomas e melhorar a saúde geral. Além disso, a suplementação pode ser uma ferramenta útil para garantir que todas as necessidades nutricionais sejam atendidas.

Portanto, é crucial uma abordagem integrada e personalizada para tratar e gerenciar a SOP e a Endometriose, levando em consideração as necessidades individuais de cada mulher.

Sobre a SOP

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A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é considerada o distúrbio endócrino e metabólico mais comum em mulheres em idade reprodutiva. Esta associado a sintomas de desequilíbrios hormonais, especialmente pelo aumento da concentração de andrógenos e disfunção ovariana.

A patogênese dessa doença ainda permanece incerta, mas a SOP se manifesta por:

  • Desregulação do ciclo menstrual
  • Hiperandrogenismo
  • Resistência à insulina
  • Desequilíbrio hormonal e lipídico

O diagnóstico é feito através do histórico da paciente, de exame clínico e exames laboratoriais, como por exemplo: ultrassom, dosagem da glicemia e insulina em jejum, FSH e LH, Hidroxiprogesterona, T3, T4, T4 livre e TSH, Prolactina, testosterona, testosterona livre, SHBG e SDHEA, an-drostenediona e cortisol.

Sintomas associados à SOP

Principais sintomas, não sendo observados em todas as mulheres.

  • Menstruação irregular ou ausente (oligomenorreia ou amenorreia)
  • Excesso de peso (especialmente ao redor da cintura)
  • Crescimento excessivo de pelos no corpo ou face (hirsutismo)
  • Acne persistente (geralmente sem resposta ao tratamento convencional) ou pele oleosa
  • Afinamento do couro cabeludo
  • Dificuldade de concepção/fertilidade
  • Manchas escuras na pele (acantose nigricans)
  • Marcas na pele
  • Dor pélvica
  • Mudanças de humor, ansiedade ou depressão

Nutrientes na SOP

Diversos estudos abordam a ação de alguns nutrientes no manejo da SOP. Os nutrientes mais comentados nos estudos são:

  • Vitamina D
  • Cálcio + D
  • Inositol
  • Vitamina B12, Piridoxina B6 e Ácido Fólico B9
  • Cromo
  • Zinco
  • Probióticos

Os nutrientes acima podem ser encontrados na dieta, bem como podem ser suplementados quando necessários, seja para suprir deficiências, seja para atingir doses terapêuticas.

Revertendo SOP pela dieta

Existem várias histórias de mulheres que reverteram os sintomas da SOP e, em alguns casos, engravidaram repentinamente após seguirem uma dieta baseada em animais, com ênfase em proteína e gordura e consumo moderado ou baixo de carboidratos.

Uma revisão sistemática de ECRs de 2021 concluiu que as intervenções dietéticas melhoram os sintomas da SOP, e o baixo teor de carboidratos é provavelmente o melhor para a fertilidade e para restaurar a menstruação normal.

Isso se justifica porque reduzir o consumo de carboidratos pode ajudar na perda de peso, diminuir os níveis de insulina e reverter a resistência à insulina, ajudando a equilibrar o sistema hormonal. Isso pode auxiliar a ovulação e um ciclo menstrual normal, além de melhorar ou eliminar outros sintomas.

Terapia Nutricional na SOP

Seguem abaixo algumas sugestões de alterações no padrão alimentar, com o objetivo de contribuir com o alívio ou melhora nos sintomas na SOP:

  • dieta baseada em animais;
  • evitar o consumo de alimentos industrializados, frituras, embutidos ou ultraprocessados, como frios, salsicha, biscoitos, pães e doces refinados, molhos e temperos prontos;
  • substituição de alimentos industrializados por alimentos frescos;
  • aumentar o consumo de peixes e frutos de mar, devido às altas concentrações de ácidos graxos ômega 3 presentes nesses alimentos;
  • consumo de frutas, vegetais e legumes, de preferência de acordo com a sazonalidade dos alimentos;
  • realizar combinações alimentares que mantenham o nível glicêmico da refeição adequado, evitando a presença de 2 ou mais carboidratos ou alimentos com alto índice glicêmico na mesma refeição, como tubérculos (beterraba, cenoura, batata, mandioca, mandioquinha etc.);
  • aumentar a ingestão de líquidos (água, água saborizada, água com gás, chás);
  • reduzir ou suspender a ingestão de álcool;
  • diminuir a ingestão de açúcares com o intuito de reduzir a resistência a insulina;
  • corrigir a ingestão calórica, que na maioria dos casos está aumentada;
  • manter o peso ideal, mesmo que para que isso ocorra seja necessária a perda de peso.

Sobre a Endometriose

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A endometriose é uma doença ginecológica complexa caracterizada pela presença de tecidos endometriais fora do útero, podendo ser encontrado em locais como: ovários, trompas de falópio, superfícies peritoneais, intestino e bexiga. Esse tecido que teve crescimento anormal responde ao estrogênio assim como se tivesse dentro do útero, sendo levadas a se proliferar e sangrar ao longo do ciclo menstrual, gerando inflamação local e induzindo dor pélvica. A endometriose é uma doença inflamatória crônica dependente de estrogênio. A prevalência de endometriose em mulheres em idade reprodutiva é de 10% a 15%. Para mulheres c/ dor abdominal e/ou infertilidade inexplicável, a incidência chega a 40% a 60%. Aproximadamente 30-50% das mulheres que têm endometriose têm problemas de infertilidade.

Os indícios da existência dessa doença podem ser dados, além da história clínica, pela dosagem no sangue de um marcador chamado CA125 e por imagem vista pelo ultrassom com preparo intestinal.

A patogênese da endometriose envolve a interação de:

  • processos endócrinos, imunológicos, pró-inflamatórios e pró-angiogênicos.

As células imunes, as moléculas e as citocinas pró-inflamatórias ativam/alteram o microambiente peritoneal, criando as condições para diferenciação, adesão, proliferação e sobrevivência das células endometriais ectópicas. A endometriose é considerada intimamente relacionada a distúrbios imunológicos porque suas características são semelhantes às de doenças autoimunes, como diminuição da apoptose, aumento dos níveis de citocinas e vias celulares anormais.

Sintomas associados

A endometriose geralmente causa dor intensa na pelve, especialmente durante alguns momentos e situações como: períodos menstruais, durante ou após a relação sexual, ao urinar ou evacuação. Alguns sintomas podem ser comuns em algumas mulheres:

  • Dor pélvica crônica
  • Sangramento intenso durante e entre as menstruações
  • Infertilidade ou dificuldade para engravidar
  • Inchaço ou náusea
  • Fadiga ou cansaço crônico
  • Depressão ou ansiedade

Nutrientes na Endometriose

Diversos estudos abordam a ação de alguns nutrientes no manejo da endometriose. Os nutrientes mais comentados nos estudos são:

  • Vitamina D
  • Ômega 3
  • Magnésio
  • Zinco
  • Vitamina C
  • Antioxidantes

Os nutrientes acima podem ser encontrados na dieta, bem como podem ser suplementados quando necessários, seja para suprir deficiências, seja para atingir doses terapêuticas.

O mito de ter que cortar a carne

Quando se trata de endometriose, muitas mulheres são aconselhadas a reduzirem ou retirarem a carne da dieta. Isso acontece especialmente porque muitos profissionais acreditam que a carne seja um alimento inflamatório e essa condição de saúde implica em seguir uma dieta anti inflamatória.

Embora muitas vezes seja dito que a carne vermelha é ruim para quem tem endometriose, na verdade não existe nenhum estudo controlado que já tenha analisado a carne vermelha e a endometriose. Ou seja, não há literalmente nenhum dado sólido para fundamentar uma recomendação de proibição ou redução da carne vermelha.

A única “ciência” sobre carne vermelha e endometriose vem quase exclusivamente de estudos observacionais, que não são conclusivos.

O The Nurses Health Study, por exemplo, é quase sempre citado como “prova” da ligação entre a endometriose e a carne vermelha, uma vez que se observou que as mulheres que comiam mais carne vermelha tinham um risco maior de endometriose.

No entanto, quando analisamos os dados, vemos que as mulheres com maior consumo de carne vermelha também eram muito mais propensas a serem sedentárias, a comerem muito açúcar, a fumarem e a beberem álcool - o que nos dá zero informações sobre carne vermelha e endometriose especificamente.

Por isso, não confie cegamente em recomendações para cortar ou reduzir a carne de sua dieta. Se você lida com endometriose, saiba que pode desfrutar desses alimentos sem que isso prejudique a sua saúde e também sua fertilidade.

Terapia nutricional na Endometriose

Seguem abaixo algumas sugestões de alterações no padrão alimentar, com o objetivo de contribuir com o alívio ou melhora nos sintomas da endometriose:

  • dieta baseada em animais;
  • evitar o consumo de alimentos industrializados, frituras, embutidos ou ultraprocessados, como frios, salsicha, biscoitos, pães e doces refinados, molhos e temperos prontos;
  • substituição de alimentos industrializados por alimentos frescos;
  • aumentar o consumo de peixes e frutos de mar, devido às altas concentrações de ácidos graxos ômega 3 presentes nesses alimentos;
  • consumo de frutas, vegetais e legumes, de preferência de acordo com a sazonalidade dos alimentos;
  • aumentar a ingestão de líquidos (água, água saborizada, água com gás, chás);
  • reduzir ou suspender a ingestão de álcool;
  • manter o peso ideal, mesmo que para que isso ocorra seja necessária a perda de peso.