Suplementos e alimentação
Antes de aprofundar em suplementos, é importante reconhecer que os suplementos não são uma "cura para tudo" e não podem substituir uma dieta nutritiva e rica em alimentos reais quando se trata de apoiar a fertilidade.
Em vez disso, os suplementos são úteis para preencher lacunas específicas de nutrientes em sua dieta ou para apoiar sua saúde de outras maneiras.
Os suplementos podem ser particularmente úteis se você tiver:
- deficiências de nutrientes conhecidas
- se tiver preocupações específicas relacionadas à fertilidade
- se tiver limitações alimentares
- se lidar com uma condição de saúde
- se lidar com os efeitos de uma condição de saúde
- se tiver feito uso de anticoncepcional recentemente
- se tiver realizado cirurgia bariátrica
- se estiver em uma dieta de emagrecimento
Importância dos nutrientes
É importante estar consumindo as vitaminas e minerais necessários antes da gravidez para garantir reservas de nutrientes suficientes antes da concepção. Isso é particularmente importante para nutrientes que têm funções conhecidas na prevenção de defeitos do tubo neural. O tubo neural começa a se fechar por volta de 21 dias após a concepção, que é, em média, 7 a 8 dias após a falta do período menstrual. Em outras palavras, esse processo acontece antes de muitas mulheres saberem que estão grávidas.
O nutriente mais amplamente reconhecido que pode ajudar a prevenir defeitos do tubo neural é o folato, que se estima prevenir mais de 50% dos defeitos do tubo neural.
Vários nutrientes estão associados a um menor risco de defeitos do tubo neural. Da mesma forma, muitos desses nutrientes participam do metabolismo do folato e da metilação. Até o momento, a pesquisa descobriu que os seguintes micronutrientes ajudam a reduzir pela metade o risco de defeitos do tubo neural, particularmente quando a ingestão de todos eles é simultaneamente suficiente:
- Folato B9
- Vitamina B12
- Vitamina B6
- Vitamina B2
- Colina
- Glicina
- Inositol
- Zinco
Todos esses nutrientes podem tecnicamente ser fornecidos seguindo uma dieta baseada em animais. No entanto, muitas mulheres não atingem suas necessidades de vitaminas e minerais por motivos como: baixa ingestão calórica, restrições alimentares, pouca variedade na dieta, baixa/nenhuma ingestão de vísceras, peixes e frutos do mar, cirurgia bariátrica etc.
Sobre multivitamínicos prontos de pré-natal
Escolher uma vitamina pré-natal pode parecer simples, mas você pode se surpreender ao descobrir que os fabricantes não precisam seguir nenhum requisito para listar seu multivitamínico como um "pré-natal" e oferecê-lo para mulheres para apoiar a fertilidade e a gravidez.
Independentemente de um produto ter apenas um punhado de nutrientes ou cobrir todo o espectro de necessidades de micronutrientes, ele pode ser rotulado como um pré-natal ou multivitamínico para mulheres.
Ausência de componentes importantes
Muitos pré-natais e multivitaminas disponíveis comercialmente carecem de: cálcio, iodo, vitamina B12, vitamina A, colina, magnésio, selênio, vitamina D e vitamina K2. Alguns desses nutrientes, como a colina, cálcio e magnésio, ocupam muito espaço em cápsulas, e por isso os fabricantes os deixam de fora ou colocam em quantidades mínimas para manter o número total de cápsulas reduzido.
Algumas fórmulas também deixam de fora a vitamina A pré-formada (retinol) inteiramente, optando pelo beta caroteno menos potente. Como já mostrado em conteúdos anteriores, uma grande porcentagem de mulheres não consome vitamina A suficiente dos alimentos, especialmente mulheres que não comem fígado, e o beta caroteno não é convertido de forma confiável em retinol em concentrações suficientes.
Concentrações baixas
Muitos multivitamínicos não contêm altas concentrações de nutrientes, porque produtos que fornecem "100% do valor diário" dão uma falsa sensação de segurança.
Atender a 100% da ingestão dietética recomendada (IDR) não é significativo para todos os nutrientes quando você considera que a IDR mostrou ser muito baixa para suportar a saúde ideal para uma variedade de nutrientes. Por exemplo, pesquisas sugeriram que as necessidades de vitamina D e vitamina B12 são 10 e 3 vezes mais altas, respectivamente, do que se pensava anteriormente.
As baixas concentrações podem também não darem contas de sanar deficiências já instaladas. No exemplo que deixei de suplemento abaixo, ele traz uma baixa dosagem de Vitamina D, o que pode ser insuficiente para uma mulher que esteja com a Vitamina D abaixo de valores ideais (entre 40-60) e também traz baixas doses de Vitamina B12 e ferro. Nele consta o oferecimento de 2,5mcg de Vitamina B12, sendo que muitas vezes ela precisa ser suplementada entre 500mcg a 1000mcg. Em relação ao ferro, no produto analisado consta 12mg de ferro, sendo que muitas vezes a suplementação se dá em 45mg.
Ou seja, quando se trata de produtos prontos, as concentrações serão baixas pois esses produtos não consideram questões individuais de cada mulher.
Formas menos biodisponíveis
A forma dos nutrientes pode variar entre diferentes produtos.
Priorizando o lucro, grande parte de fabricantes usa as formas mais baratas de nutrientes e em quantidades mínimas. Um ótimo exemplo disso é a forma de vitaminas B incluídas. Para usar o folato como exemplo, a maioria das empresas usará o ácido fólico, que é uma forma sintética de folato não encontrada na natureza. É bem absorvido pelo intestino, mas não é bem utilizado pelo corpo, levando ao acúmulo de algo chamado "ácido fólico não metabolizado" na corrente sanguínea.
Este acúmulo pode realmente bloquear os receptores de folato e levar a uma deficiência funcional de folato e problemas de metilação no corpo. O ácido fólico é muito barato para os fabricantes de suplementos, custando apenas US$50/kg, enquanto a versão "ativa" do folato, conhecida como L-metilfolato (também chamado de 5-MTHF), pode custar US$13.300/kg - isso é mais de 250x mais caro.
Outros exemplos de formas biodisponíveis de nutrientes incluem vitamina D como vitamina D3 (em vez de D2), palmitato de retinol (em vez de betacaroteno ou, no mínimo, uma combinação dos dois), e vitamina B12 como metilcobalamina, adenosilcobalamina ou hidroxicobalamina (em vez de cianocobalamina). Existem muitos outros exemplos, mas estes são alguns dos mais cruciais.
Veja que no produto que analisei abaixo isso aparece, eis que trouxeram a B12 como cianocobalamina e a B6 como cloridrato de piridoxina ao invés de piridoxal-5-fosfato.
Prefira a manipulação
Com isso, concluo que os multivitamínicos prontos para a fertilidade ou para a gestação não são o ideal. A melhor alternativa é optar pela manipulação individual de seus suplementos.
Esta abordagem leva em consideração a sua dieta específica, o seu estado de saúde e os seus exames. Além disso, a manipulação individual garante que você esteja recebendo as formas mais biodisponíveis de nutrientes e garante que todos os nutrientes necessários estejam sendo fornecidos em quantidades satisfatórias.
Análise de produto pronto
Abaixo você pode ver as informações nutricionais do Femibion 1, sendo que essa é minha análise sobre ele:
- Vemos uma Vitamina D em baixa dose, desacompanhada de Vitamina K2.
- A suplementação de vitamina D em conjunto com a vitamina K2 é importante porque essas duas vitaminas trabalham em sinergia no organismo. A vitamina D auxilia na absorção de cálcio no intestino, enquanto a vitamina K2 ajuda a garantir que o cálcio seja direcionado para os lugares adequados, como ossos e dentes, e não se acumule em locais indesejados, como artérias e tecidos moles.
- Há vitamina B2, B9, B6 e B12, sendo as duas últimas em baixas doses.
- Não consta B1, B3, B5 e biotina.
- A vitamina B12 está como cianocobalamina e não como metilcobalamina, que é a forma mais ativa.
- A Vitamina B6 está como cloridrato de piridoxina (baixa disponibilidade) e não como piridoxal-5-fosfato (alta disponibilidade).
- A Vitamina C está em baixa dosagem, assim como a Vitamina E, a Colina e o ferro.
- Não consta: Vitamina K2, B1, B2, B5, biotina, Vitamina A, magnésio, manganês, cálcio, cromo, selênio, Ômega 3.
- Além disso, traz ingredientes não interessantes como óleo de soja, amido de milho, maltodextrina etc.
Quando começar a usar
O esperma e os óvulos levam cerca de 90 dias para se desenvolverem. Portanto, para obter melhores resultados, recomenda-se ajustes de suplementos pensando na fertilidade masculina e feminina por pelo menos 90 dias antes da concepção.
Suplementos para a fertilidade
Vitamina D
A vitamina D é única, pois sua dieta não é a principal fonte desse nutriente. A exposição ao sol representa 90% da vitamina D no corpo para quem não usa suplementos. No entanto, uma grande variedade de fatores influencia sua capacidade de produzir vitamina D suficiente a partir do sol. Isso pode explicar por que as taxas de deficiência variam consideravelmente em diferentes partes do mundo, com taxas mais altas geralmente vistas em lugares mais distantes do equador.
Se você tem pele naturalmente mais escura, tem até 20 vezes mais chances de ser deficiente, em parte devido aos níveis mais altos do pigmento melanina na pele, que inibe a produção de vitamina D a partir da exposição ao sol. Portanto, lembre-se de que quanto mais escura for a tonalidade da sua pele, mais exposição ao sol você precisará para atender à demanda do seu corpo por vitamina D.
As pessoas com um índice de massa corporal (IMC) elevado, ou seja, aquelas que são consideradas com sobrepeso ou obesas, também tendem a ter níveis mais baixos de vitamina D. Isso acontece mesmo quando se expõem ao sol, que é a principal fonte natural de vitamina D. A razão para isso é que a vitamina D é uma vitamina lipossolúvel, o que significa que é armazenada na gordura corporal. Em pessoas com um IMC elevado, mais vitamina D pode ser "armazenada" na gordura corporal, tornando-a menos disponível para o corpo usar. Portanto, mesmo com a exposição adequada ao sol, pessoas com IMC alto podem ainda ter deficiência de vitamina D.
Outros fatores que contribuem para a deficiência de vitamina D incluem a dificuldade de tomar o sol ao meio-dia (quando a capacidade de produzir vitamina D é mais alta), localização geográfica, uso de protetor solar, vestir roupas de proteção e época do ano.
Em outras palavras, a maioria das mulheres não consegue produzir vitamina D suficiente a partir da exposição ao sol. Por isso, um suplemento é geralmente necessário, e é importante verificar a dosagem no seu multivitamínico (se você estiver tomando um), pois muitos não fornecem o suficiente.
Para aqueles com bastante exposição ao sol, um suplemento pode não ser necessário, ou pode ser necessário apenas nos meses de inverno. A RDA para vitamina D é de 600 UI/dia; no entanto, vários estudos descobriram que este nível de ingestão é insuficiente para a maioria dos adultos, e é especificamente muito baixo para manter níveis normais de vitamina D nas mulheres, especialmente durante a gravidez ou pré-concepção.
A maioria das pessoas supõe que a vitamina D está envolvida apenas no metabolismo do cálcio e na saúde óssea, mas suas funções vão muito além disso. Sabe-se que a vitamina D influencia a fertilidade, a implantação do embrião e todas as fases da gravidez.
Alguns dos principais problemas associados à deficiência de vitamina D relacionados à saúde da mulher incluem resistência à insulina, ovulação atrasada ou irregular (como vista na SOP), contagem baixa de folículos, má qualidade do ovo, revestimento endometrial subdesenvolvido, falha na implantação, resultados pobres de tecnologia reprodutiva assistida, perda recorrente de gravidez, problemas autoimunes, anormalidades da tireoide e câncer de mama.
Se a deficiência de vitamina D persistir na gravidez, há um aumento do risco de complicações graves, incluindo pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, parto prematuro, ter um bebê com baixo peso ao nascer e resultados neurodesenvolvimentais adversos. Manter concentrações suficientes de vitamina D antes da concepção e durante a gravidez é crucial para reduzir esses riscos.
Se você suplementa com vitamina D, esteja ciente de que existem duas formas principais disponíveis: vitamina D3 (colecalciferol) e vitamina D2 (ergocalciferol). A vitamina D3 é mais eficaz para aumentar e manter os níveis de vitamina D no corpo, e é quimicamente idêntica à forma de vitamina D que seu corpo produz a partir da exposição ao sol. Em suma, sempre opte pela vitamina D3.
Como a vitamina D é um nutriente solúvel em gordura, você pode garantir que a absorve bem tomando seu suplemento junto com uma refeição ou lanche que contenha gordura.
No mais, a suplementação de vitamina D juntamente com a vitamina K2 é importante porque essas duas vitaminas trabalham em sinergia no organismo. Costuma ser suplementada de 2.000UI a 4.000UI, com entre 60 a 120mcg de Vitamina K2.
Magnésio
O magnésio é um mineral vital conhecido por ativar mais de 600 enzimas dentro do corpo, incluindo todas as enzimas envolvidas no metabolismo da vitamina D. Na verdade, uma ingestão maior de magnésio por si só está associada a um risco significativamente menor de deficiência de vitamina D. Infelizmente, muitas pessoas não consomem o suficiente. A ingestão insuficiente de magnésio está associada a um risco maior de anovulação.
Em um estudo, mulheres com histórico de infertilidade inexplicada ou aborto precoce foram tratadas com 600 mg de magnésio e 200 mg de selênio por dia. Todas as participantes conseguiram conceber dentro de 8 meses após a normalização de seu status de magnésio e tiveram gestações saudáveis e a termo.
As melhores fontes alimentares de magnésio são: algas marinhas, vegetais de folhas verdes, sementes de abóbora, castanha do pará, sementes de girassol, sementes de gergelim, amêndoas, castanha de caju, sementes de chia, abacates, cacau em pó sem açúcar (ou chocolate escuro), caldo de ossos, ostras, ovas de peixe, atum, e ervas verdes, incluindo cebolinha, coentro, salsa, hortelã, endro, sálvia e manjericão.
Se você suplementar com magnésio, certifique-se de usar uma forma bem absorvida para evitar perturbações digestivas ou diarreia. Glicinato de magnésio e malato de magnésio são algumas das formas mais bem absorvidas e as menos propensas a causar efeitos colaterais gastrointestinais. Se você estiver constipada, pode usar citrato de magnésio.
Em mulheres com cólicas menstruais moderadas a graves, SOP, sintomas de TPM ou baixa progesterona, doses mais altas de magnésio podem ajudar. Dose usual para o adulto fica entre 200 a 350mg.
DHA
O ácido graxo ômega-3 DHA é essencial para a fertilidade ótima tanto para você quanto para seu parceiro.
A ingestão total recomendada de gorduras ômega-3 para mulheres em idade fértil é de 1.100 mg por dia de todas as fontes (DHA, EPA e ALA). Embora um nível "ótimo" de DHA para a fertilidade ainda não tenha sido decidido, a pesquisa demonstrou melhora na função ovariana entre as mulheres que foram suplementadas com 375 mg de DHA e 465 mg de EPA por dia.
Além disso, mulheres com maior ingestão de DHA pré-concepção têm uma morfologia embrionária mais saudável.
Infelizmente, mulheres em idade fértil consomem apenas parte da ingestão recomendada de DHA por dia, uma consequência do baixo consumo de peixes e frutos do mar. A dieta por si só pode atender aos requisitos de DHA se você consumir ~340g ou mais de peixe gordo de água fria por semana, como salmão, arenque, sardinhas e truta, e outros frutos do mar ricos em DHA, incluindo ovos de peixe (caviar), ostras ou mexilhões.
Outras fontes de DHA incluem ovos de galinhas e carne, órgãos e laticínios; no entanto, esses são menos concentrados em DHA em comparação com peixes e frutos do mar.
Se você não gosta dessas fontes de comida ou simplesmente não as come regularmente, considere um suplemento de DHA, como um óleo de peixe de alta qualidade, óleo de fígado de bacalhau ou óleo de krill.
Iodo
Desde a saúde da tireóide até a função ovariana e a saúde da mama, o iodo é um mineral fundamental para as mulheres. Embora as agências de saúde pública afirmem que a maioria dos países desenvolvidos não tem um problema de deficiência de iodo, estudos mostram que os níveis insuficientes de iodo são bastante comuns - 44% das mulheres apresentam deficiência - e estão associados à concepção retardada na América e Europa.
Quando se trata de fertilidade feminina, pesquisas indicam que "o iodo é avidamente absorvido pelo ovário e endométrio" e pode apoiar a implantação. Na medicina veterinária, a suplementação com iodo é frequentemente usada para restaurar a função ovulatória em animais. A deficiência de iodo é um fator de risco amplamente reconhecido para perda de gravidez, problemas de tireóide materna e neonatal, hipotireoidismo congênito (cretinismo) e deficiência intelectual grave.
Por isso, é crucial priorizar o iodo. A RDA para o iodo é de 150 mcg para a população em geral e de 220 a 290 mcg durante a gravidez e a lactação (embora a Organização Mundial da Saúde recomende 250 mcg para a gravidez). A ingestão média costuma ser abaixo do nível recomendado, principalmente para pessoas que não consomem frutos do mar, laticínios e ovos.
Curiosamente, em algumas partes da Ásia, onde o consumo de algas marinhas e outros frutos do mar ricos em iodo é comum, a ingestão de iodo pode ser de 5 a 100 vezes maior do que em uma dieta ocidental típica. No Japão, a ingestão média de iodo é estimada em 1.000 a 3.000 mcg por dia. Embora a ingestão de iodo acima da RDA seja controversa, diversas organizações profissionais recomendam um suplemento com um mínimo de 150 mcg de iodo por dia durante a pré-concepção, a gravidez e a lactação.
Isso inclui a Associação Americana de Tireoide, Associação Europeia de Tireoide, Sociedade Endócrina, a Academia Americana de Pediatria, e várias outras. Muitos profissionais observam que suas clientes requerem ingestões de iodo acima da RDA, particularmente quando estão deficientes de iodo.
Sinais de que você pode precisar de mais iodo incluem: tecido cístico (incluindo cistos ovarianos, mamas fibrocísticas e nódulos mamários), dor nas mamas (particularmente em sua fase lútea), ciclos menstruais irregulares ou anovulatórios, anormalidades da tireoide e função imunológica fraca.
Gelatina ou Colágeno
Nas gerações passadas, as pessoas consumiam um espectro completo de aminoácidos comendo animais do nariz ao rabo. Hoje, os tecidos conectivos, ossos e pele ricos em colágeno dos animais não são mais tão consumidos, o que significa que as pessoas estão perdendo esses aminoácidos.
Se você consome regularmente caldo de ossos, carne cozida lentamente, aves com a pele, pururuca ou torresmo, e carne no osso, é mais provável que você obtenha gelatina e colágeno suficientes em sua dieta. Se você não faz isso, ou simplesmente deseja aumentar sua ingestão, suplementos prontos são uma opção conveniente.
A gelatina e o colágeno tecnicamente não são considerados uma proteína completa porque não possuem o aminoácido triptofano; no entanto, pesquisas mostraram que o colágeno pode compor até 36% da ingestão total de proteínas sem perturbar o equilíbrio dos aminoácidos. Na verdade, o colágeno adicional, em ingestões de 15 g por dia, mostrou melhorar o metabolismo dos aminoácidos essenciais.
Durante a gravidez, as necessidades do seu corpo por vários aminoácidos encontrados no colágeno aumentam, incluindo glicina e prolina, tornando a ingestão suficiente de colágeno ainda mais importante após a concepção.
Probióticos
Manter um microbioma saudável é importante para sua saúde hormonal e bem-estar geral. Probióticos representam as bactérias saudáveis que colonizam nossos corpos - especialmente o sistema digestivo, pele e vagina - e superam as células humanas em 10:1. Seu trato gastrointestinal é revestido com aproximadamente 100 trilhões de bactérias (2 a 6 libras de micróbios). Embora muitas pessoas pensem que os probióticos afetam apenas a digestão, o microbioma intestinal tem um papel central na regulação do metabolismo do estrogênio e do nível de estrogênios circulantes; é referido como o "eixo estrogênio-microbioma intestinal" e, portanto, pode afetar dramaticamente o equilíbrio hormonal e a fertilidade.
Desequilíbrios no microbioma intestinal podem causar resistência à insulina e inflamação, como é comumente visto na SOP (Síndrome do Ovário Policístico) e a suplementação com probióticos é uma abordagem promissora para melhorar essa condição.
Indivíduos saudáveis muitas vezes não precisam de suplementos probióticos autônomos, mas há indicações para seu uso. Eles incluem (mas não estão limitados a) problemas digestivos, infecções por fungos, vaginose bacteriana, SOP e uso prolongado de contraceptivos hormonais.
Muitos problemas digestivos se beneficiam da adição de suplementos probióticos, como a síndrome do intestino irritável (SII), diarreia e doença de Crohn.
Conte com a ajuda de um nutricionista para escolher o probiótico e a dosagem para suas necessidades.
Inositol
Inositol é uma substância semelhante a uma vitamina que tem muitos papéis no corpo, incluindo a mediação das ações de vários hormônios, neurotransmissores e fatores de crescimento.
Especificamente, tem papéis na regulação do hormônio estimulante da tireoide (TSH), hormônio folículo-estimulante (FSH) e insulina (incluindo o suporte ao sinalização de insulina ovariana e produção de hormônios). Pesquisadores observam que o inositol está envolvido na maturação do oócito, ovulação, fertilização, implantação e desenvolvimento embrionário precoce (incluindo o fechamento adequado do tubo neural).
Entre as mulheres que tiveram defeitos do tubo neural resistentes ao ácido fólico em gestações anteriores, a co-suplementação pré-concepção de folato e inositol preveniu a recorrência de defeitos do tubo neural em gestações subsequentes.
Devido aos seus efeitos benéficos na resistência à insulina, a suplementação de inositol é comumente recomendada para o manejo do diabetes, SOP e até mesmo para a prevenção e tratamento do diabetes gestacional. A razão mais comum para a suplementação quando se trata de fertilidade é para o manejo da SOP.
O inositol pode ser encontrado em carnes de órgãos e também é sintetizado no corpo. No entanto, a suplementação é frequentemente necessária para atingir doses terapêuticas. Muitas formas de inositol ocorrem naturalmente nos alimentos, sendo o mais comum o mioinositol - esta também é a forma mais abundante no corpo. Doses ao suplementar variam de 500 a 1000mg.
Coenzima Q10
A Coenzima Q10 (CoQ10) é um composto naturalmente presente em todas as nossas células e é o único antioxidante solúvel em gordura produzido dentro do corpo. Ela desempenha uma variedade de funções, incluindo a prevenção da oxidação dos lipídios, a manutenção de níveis suficientes de vitaminas C e E, a prevenção de danos ao DNA, a manutenção da pressão arterial e lipídios normais, e o suporte à produção de energia. Em tecidos com altas demandas de energia, como o coração e os órgãos reprodutivos, os níveis de CoQ10 são mais concentrados.
Em relação à fertilidade, a CoQ10 está naturalmente presente no fluido folicular, onde protege a qualidade do óvulo e melhora o potencial de fertilização. Algumas pesquisas mostraram que níveis mais altos de CoQ10 no fluido folicular estão associados a maiores taxas de gravidez. Em mulheres que utilizam tecnologia de reprodução assistida, a suplementação com CoQ10 nos 2 meses que antecedem a FIV melhorou o número de óvulos recuperados, as taxas de fertilização e a qualidade do embrião em comparação com aquelas que não a utilizaram.
As fontes dietéticas mais concentradas de CoQ10 são peixes e carnes, particularmente carnes de órgãos. Por exemplo, o coração de frango tem 25 vezes mais CoQ10 do que uma porção equivalente de peito de frango. Como a CoQ10 é distribuída principalmente em tecidos com alta demanda de energia, corações e fígados de animais representam a fonte mais rica dessa molécula bioativa.
A capacidade do corpo de produzir CoQ10 depende de vários aminoácidos (especialmente tirosina), vitaminas e oligoelementos; além disso, declina com a idade, começando já no início dos 20 anos com um “declínio gradual contínuo nos níveis de tecido a partir de então.” A suplementação compensa esse fenômeno natural relacionado à idade.
Pesquisas sugerem que "a CoQ10 oral pode beneficiar mulheres com baixa reserva ovariana, baixa resposta à estimulação ovariana, idade avançada ou SOP (Síndrome dos Ovários Policísticos)".
Como é solúvel em gordura, é melhor tomá-la com uma refeição que contenha gordura para otimizar a absorção. A dosagem varia de 50mg a 100mg por dia.
Ácido alfa lipóico
O ácido alfa lipóico é um poderoso antioxidante com uma ampla gama de funções no corpo. Ele pode reparar danos a proteínas, lipídios e DNA, melhorar as vias de sinalização da insulina, ajudar a regenerar antioxidantes (como CoQ10, vitamina C e vitamina E), quelar metais pesados e neutralizar a inflamação. Há uma grande quantidade de evidências que apoiam seu uso na redução do açúcar no sangue e dos lípidos sanguíneos.
Além disso, mostrou efeitos positivos na fertilidade geral, incluindo a normalização dos parâmetros do ciclo menstrual e o apoio à qualidade do oócito, fertilização e resultados reprodutivos. Em homens, o ácido alfa lipóico pode melhorar a qualidade do esperma.
O ácido alfa lipoico também é valioso no tratamento da SOP, usado sozinho ou em combinação com inositol. Em mulheres submetidas à fertilização in vitro (que não tinham SOP), a suplementação combinada com ácido alfa lipoico, inositol e folato melhorou significativamente a qualidade do óvulo e a morfologia do embrião em comparação com o tratamento apenas com folato.
O ácido alfa lipoico é um composto naturalmente presente em nossas dietas, encontrado principalmente em carnes (especialmente carnes de órgãos: fígado, rim e coração), espinafre e levedura. Outras fontes menos concentradas incluem brócolis, tomates, ervilhas verdes e couve de Bruxelas. Embora seja ótimo comer esses alimentos nutritivos, uma ingestão terapêutica de ácido alfa lipoico requer suplementação. A dosagem usual varia de 10 a 600mg/dia.
L-carnitina
A L-carnitina é um aminoácido que suporta a função mitocondrial saudável e combate o estresse oxidativo. Níveis suficientes deste aminoácido são necessários para suportar a qualidade do óvulo e do esperma, a função endometrial, a fertilização, a implantação e o crescimento embrionário.
Embora possa ser obtido na dieta, existe um grande corpo de dados examinando os benefícios da suplementação. A suplementação de L-carnitina melhora os níveis de açúcar no sangue, o estresse oxidativo, a saúde folicular e a espessura endometrial.
A fonte dietética mais rica em carnitina é a carne muscular, especialmente a carne vermelha. 85g de bife de carne contêm 80 mg de carnitina comparado a apenas 3 mg em uma porção igual de peito de frango. Um onívoro raramente excede 145 mg de carnitina por dia, enquanto os ensaios de suplementação sobre fertilidade usam doses muito mais altas. Dosagem varia de 1 a 2 g/dia.
NAC
Usado na medicina desde 1960, incialmente como expectorante, a N-acetilcisteína (NAC) ganhou muita atenção devido aos inúmeros benefícios a saúde.
NAC é uma forma suplementar do aminoácido cisteína (os alimentos ricos em proteínas são as melhores fontes dietéticas de cisteína). Como um ingrediente chave para a produção de glutationa, é essencial para as defesas antioxidantes do nosso corpo e desintoxicação hepática. Também suporta a metilação e ajuda a reduzir os níveis de homocisteína. Um dos principais efeitos é o de diminuir a produção dos radicais livres no corpo, que são, sabidamente cancerígenos e desencadeadores de várias doenças. Alguns estudos mostram ainda que o seu uso pode ajudar na fertilidade de masculina/feminina e no auxílio em mulheres com síndrome dos ovários policísticos. Dosagem varia de 200mg a 600mg/dia.
Suplementos para a fertilidade masculina
Há um número significativo de estudos que mostram que muitos nutrientes podem apoiar vários aspectos da saúde reprodutiva masculina, incluindo contagem de espermatozoides, motilidade, morfologia e integridade do DNA.
Idealmente, os homens devem tomar um suplemento para apoiar a fertilidade por mais de 90 dias e continuar até que a gravidez seja alcançada. Isso ocorre porque os espermatozoides levam aproximadamente 70 a 90 dias para se desenvolver. Como aspectos críticos do desenvolvimento dos espermatozoides acontecem durante todos os 90 dias, é importante que os espermatozoides se desenvolvam em um ambiente ideal e rico em nutrientes durante 90 dias completos.
Principais nutrientes para homens
- Vitamina A
- Vitamina C
- Vitamina D
- Vitamina E
- Zinco
- Folato
- Vitamina B12
- Selênio
- Licopeno
- CoQ10
- L-Carnitina
- Ashwagandha
- Inositol
- PQQ
- Ácido alfa-lipóico
- Spirulina
- Ômega 3
Importância de apoio profissional
É fundamental contar com apoio o profissional de um nutricionista quando se trata do uso de suplementos. Um bom nutricionista pode orientar sobre a escolha dos suplementos mais adequados às suas necessidades individuais, o tempo de uso, a melhor forma de administração e o horário mais apropriado para tomá-los.
Além disso, é capaz de analisar possíveis interações com outros suplementos e medicamentos, garantindo assim o uso seguro e eficaz desses produtos. Lembre-se, a suplementação deve ser personalizada e adaptada às necessidades específicas de cada indivíduo.