O que são alergias
Alergias ocorrem quando o sistema imunológico do seu bebê se confunde. Em vez de ignorar proteínas alimentares inofensivas, elas desencadeiam uma reação alérgica.
Isso é responsável pelos sintomas associados às alergias, como urticária, erupções cutâneas e inchaço. As reações podem ser mais graves, causando anafilaxia, que pode ser fatal.
As reações alérgicas aos alimentos geralmente ocorrem 2 horas após o consumo do alimento alergênico – e muitas vezes apenas alguns minutos. Há, no entanto, uma pequena percentagem de bebês que podem apresentar reações alérgicas posteriores.
Geralmente, quanto mais alérgeno for consumido, mais grave será a reação, por isso é importante começar aos poucos ao apresentar novos alimentos ao seu bebê.
Vale destacar que seu bebê pode não ter uma reação alérgica na primeira vez que for exposto ao alimento, portanto, fique atento na segunda exposição e nas subsequentes.
Alérgenos mais comuns
Os alimentos com maior potencial de alergia são:
- Soja 🌾
- Trigo 🌾
- Ovos 🍳
- Peixes 🐟
- Frutos do mar 🦐
- Leite e laticínios 🥛
- Sementes de gergelim 🌱
- Oleaginosas (como amendoim, amêndoas, cajus, nozes) 🥜
- Coco 🥥
Embora o coco seja uma fruta e a alergia a coco seja rara, a FDA dos EUA classifica o coco como uma noz, o que significa que deve ser rotulado como alérgeno por lei. No pequeno número de alergias ao coco documentadas, a maioria não era alérgica a nozes.
Dicas para apresentar alérgenos comuns
- Comece aos poucos 🐢
- Ofereça no início do dia ☀️
- Apresente um por vez 1️⃣
- Exponha regularmente 🐟
- Mantenha um diário alimentar ✏️
Quanto menor a quantidade servida, menos grave pode ser a reação alérgica. Comece com pequenas quantidades e se não houver reação, aumente gradualmente a quantidade ao longo dos dias até atingir quantidades maiores.
Depois de descartar a possibilidade de alergia a um alimento, tente oferecê-lo ao seu bebê com mais frequência, mas no mínimo uma vez por semana.
A maioria das reações alérgicas ocorre 2 horas após a ingestão e geralmente em minutos. Considere introduzir um alérgeno de manhã, porque assim você pode observar seu bebê durante o dia e melhor reagir caso haja uma reação alérgica.
Assim, se houver reação, você saberá qual alimento foi o responsável. Nem todos os bebês com alergia reagirão na primeira exposição, por isso é importante manter as porções pequenas até ter certeza de que não há reação alérgica.
Alguns dias de ingestão diária são suficientes para estabelecer que um alimento é bem tolerado, mas isso não significa que você só pode oferecer um novo alimento a cada poucos dias. Não tenha medo de oferecer vários alimentos novos a cada semana, desde que não introduza alérgenos alimentares comuns simultaneamente.
Ofereça um alimento por vez, observe possíveis reações e ofereça outro após 3 a 5 dias.
Depois de introduzir com segurança um alérgeno alimentar ao seu filho, mantenha esse alimento em rotação regular – consistência é fundamental.
No entanto, não se estresse se você não conseguir incluir cada alérgeno comum no cardápio com tanta frequência e não se preocupe se seu bebê não consumir toda a porção de alérgeno oferecida naquele dia.
Uma das melhores maneiras de identificar alimentos problemáticos é anotar o que seu bebê come. Anote cada alimento que você introduz, quando você o introduz e quaisquer reações que seu bebê possa ter a ele.
Mesmo se seu bebê não sofrer de alergias, pode ser útil anotar detalhes de quais alimentos ele experimentou e o que você acha que pensou deles. Continue anotando quaisquer alterações na saúde do seu bebê e até mesmo nos padrões de sono, movimentos intestinais e comportamento por alguns dias após a introdução de qualquer novo alimento.
Janela imunológica
A janela imunológica é um período entre 6 a 9 meses de idade do seu bebê.
Neste período, é recomendado dar ao seu bebê alimentos que geralmente causam alergias. Isso ajuda o bebê a tolerar esses alimentos e reduz o risco de alergias.
Se o seu bebê já tem alguma alergia, você deve consultar um pediatra, alergista ou nutricionista infantil antes de começar a introdução alimentar.
Recomendações
As recomendações oficiais para a introdução de alimentos potencialmente alergênicos ao bebê mudaram completamente nos últimos anos.
Anteriormente, recomendava-se que os bebês evitassem alérgenos comuns, como leite, ovo e amendoim até atingirem uma certa idade, como de 1 a 3 anos de idade.
No entanto, após novas pesquisas mostrando que a exposição precoce aos alérgenos pode prevenir as alergias alimentares, essas recomendações foram revisadas.
Bebês em risco
Se você tem um histórico familiar de condições alérgicas, como rinite alérgica, asma ou eczema, seu bebê estará em maior risco. Bebês que sofrem de eczema têm mais chances de sofrer de alergias alimentares.
Se esse for o caso, você precisará ter mais cautela ao introduzir novos alimentos e esperar um pouco mais entre cada um para ver se há uma reação.
Bebê com APLV
A Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV) é uma reação imunológica adversa às proteínas encontradas no leite de vaca.
A APLV é diferente da intolerância à lactose, que é uma incapacidade de digerir a lactose devido à deficiência da enzima lactase. Bebês com APLV precisam evitar o consumo de leite de vaca e seus derivados até que o sistema imunológico amadureça, o que frequentemente ocorre por volta dos 2 a 5 anos de idade, em sua grande maioria até os 2 anos.
APLV 🐄
- Imaturidade do imunológico do bebê.
- Costuma melhorar entre os 2 e 5 anos.
- Leite e derivados devem ser excluídos completamente.
- A mãe também deve excluir produtos lácteos.
Intolerância à lactose 🥛
- Deficiência da enzima que digere a lactose do leite.
- Mais comum após os 2 anos, podendo acontecer em qualquer fase da vida.
- É possível oferecer leite e derivados sem lactose, se os sintomas forem apenas intestinais.
- A mãe não precisa alterar a própria alimentação.
Com um bebê que tem APLV, é preciso ler os rótulos de alimentos para identificar a possível presença de leite, sendo que componentes lácteos pode ter os seguintes nomes: soro, fermento lácteo, caseinato de sódio, lactoferrina, gordura anidra, manteiga, caseína, diacetil, lactose, lactulose, tagatose, etc.
Se o bebê está em aleitamento materno e foi diagnosticado com APLV, é de extrema importância que a mãe faça a exclusão total do leite e derivados com a orientação de uma nutricionista materno infantil e do gastropediatra até que os sintomas do bebê estejam estabilizados.
A introdução alimentar pode seguir normalmente com a apresentação dos alimentos e dos outros alergênicos, sempre respeitando o intervalo de segurança entre um e outro.
A única diferença é que o bebê não vai poder ter contato com o leite de vaca e os derivados antes da autorização do pediatra ou médico que o acompanha.
Quando se preocupar
A coisa mais importante que você pode fazer é introduzir alimentos ao seu bebê um de cada vez e esperar pelo menos 24 horas entre a tentativa de novos alimentos. Se seu bebê estiver na categoria "em risco", espere de 48 a 72 horas.
Algumas alergias alimentares são muito fáceis de identificar (conhecidas como "imediatas"). Uma erupção cutânea pode se desenvolver ao redor da boca do seu bebê, seus lábios, olhos e rosto podem inchar e seu nariz pode escorrer. Seu bebê também pode vomitar ou ter diarreia. Se a respiração for afetada, é vital que você chame uma ambulância imediatamente, pois esta é uma reação que põe a vida em risco. O mesmo se aplica se o seu bebê de repente parecer pálido ou se perder a consciência.
Intolerância alimentar
A intolerância é diferente de uma alergia alimentar, porque não envolve o sistema imunológico.
Em vez disso, alguns casos envolvem uma escassez de enzimas, o que torna a digestão do alimento problemático difícil. Por exemplo, no caso da intolerância à lactose, há uma escassez da enzima lactase, que está envolvida na digestão do leite.
Algumas intolerâncias são temporárias. Seu bebê pode desenvolver uma intolerância de curto prazo ao leite após um problema de estômago, por exemplo. Os sintomas podem ser semelhantes aos de uma alergia alimentar e pode ser difícil distinguir entre eles. Se seu bebê estiver sofrendo de quaisquer sintomas incomuns após comer determinados alimentos, é importante que você leve para consultar seu médico ou nutricionista.
- Sinais de intolerância à algum alimento:
- vermelhidão ao redor da boca
- inchaço abdominal
- gases e distensão
- irritabilidade, agitação
- excesso de atividade e despertar durante a noite
- constipação e diarréia
- regurgitação frequente de alimentos
- congestão nasal e/ou torácica
- erupção cutânea semelhante a eczema
Diferença entre erupções cutâneas causadas por alimentos ácidos e uma reação alérgica
Erupções cutâneas e irritações na pele causadas pela ingestão de alimentos ácidos, como tomate e outras frutas cítricas são normalmente limitadas à área onde o alimento tocou a pele e têm duração curta - com uma lavagem suave, a erupção deve desaparecer em cerca de 10 minutos.
Com esse tipo de "erupção cutânea de contato" (também conhecida como dermatite de contato) causada por alimentos ácidos, não há outras reações ou sintomas e a área da erupção é relativamente pequena.
Por exemplo, se o bebê apresentar uma erupção cutânea generalizada, como por todo o tronco, é provável que seja uma reação alérgica e não uma erupção cutânea de contato. Da mesma forma, se um bebê apresentar uma erupção cutânea de curta duração no queixo (mas sem outros sintomas), é provável que seja apenas uma erupção cutânea causada pela comida ou mesmo pela saliva do próprio bebê.
Se houver uma reação
Se você notar uma reação, pare de alimentar seu bebê com o novo alimento em questão e marque uma consulta com seu médico, que pode te encaminhar para um especialista em alergia.
O melhor tratamento para uma alergia alimentar é evitar completamente o alimento problemático. Isso pode significar que você precisará compensar quaisquer déficits nutricionais dando outros alimentos, sendo que para isso recomendo procurar um nutricionista infantil.
Analisando reações alérgicas
Os sintomas de uma reação alérgica variam de bebê para bebê e podem variar de leves a graves. Geralmente, a gravidade de uma reação é avaliada pelo número de sintomas presentes e pela gravidade desses sintomas.
Os sintomas geralmente começam dentro de alguns minutos a uma hora após a alimentação. Se você tiver alguma preocupação, entre em contato com o seu médico. Se houver um histórico de alergias alimentares na sua família, fale com o seu médico ou nutricionista infantil para recomendações mais personalizadas para o seu caso.
Sintomas leves a moderados 🟡
Os sintomas leves de uma reação alérgica podem incluir um dos seguintes, sendo que mais de um constituiria uma reação mais grave.
- Urticária (manchas vermelhas na pele)
- Erupção cutânea vermelha e coceira ao redor da boca, língua ou olhos
- Inchaço leve, especialmente dos lábios, olhos e rosto
- Nariz coçando, escorrendo ou espirros
- Olhos lacrimejantes
- Náusea e vômito, cólicas estomacais
- Diarreia
- Coceira na boca ou garganta
Sintomas graves ou anafilaxia 🔴
Todas as alergias alimentares são potencialmente perigosas, mas se o seu bebê tem sintomas que afetam sua respiração, vá para o hospital ou chame uma ambulância imediatamente.
Esta é uma reação anafilática, que pode causar uma queda na pressão arterial conhecida como "choque". Os sintomas incluem problemas respiratórios, palidez súbita, sonolência inexplicável e súbita, inchaço facial, e até mesmo desmaio.
- Falta de ar, tosse repetitiva
- Chiado ou aperto no peito, semelhante a uma crise de asma grave
- Inchaço da língua e garganta, restringindo as vias aéreas (geralmente observado por respiração ruidosa ou dificuldade em respirar)
- Uma queda repentina na pressão arterial
- Tontura, confusão, colapso, perda de consciência
- Pele pálida, acinzentada ou azulada
- Inchaço do rosto, lábios ou língua
- Urticária generalizada no corpo
- Vômitos repetitivos
- Cansaço repentino, letargia, sensação de moleza
Se seu bebê apresentar algum dos sintomas acima, vá para o hospital ou ligue imediatamente para o serviço de emergência. Não espere!
Imagens de reações
Minhas recomendações
Não é necessário apresentar ao bebê todos os alérgenos, porém recomendo que você apresente durante a janela imunológica todos os alimentos que seu bebê poderá ter mais contato ao longo da infância e ao longo da vida.
Por exemplo, se você e sua família, bem como o entorno do bebê já não consumem soja e trigo e se não pretende que o bebê consuma esses alimentos, você não precisa necessariamente oferecê-los. Mas se acha que o bebê venha a consumir no futuro, pode ser interessante ofertar especialmente antes do primeiro ano de vida.
Considere outros fatores
Por mais que eu incentive muito uma dieta baseada em animais, é preciso lembrar que a alimentação do bebê pode ser individualizada principalmente para contemplar a inclusão de alimentos que fazem parte da rotina da família e tradições familiares. Portanto, ao pensar em alérgenos, procure pensar no que costuma ser ofertado na dieta da família do dia a dia e também em celebrações como Páscoa, Natal, Ano Novo, pois no futuro seu bebê fará parte de tudo isso.
Não podemos esquecer que o bebê vai se tornar uma criança e que terá contato com outras crianças que não seguem necessariamente uma abordagem mais baseada em animais. Então não é difícil de imaginar que seu filho, cedo ou tarde, vá ter contato com o glúten, em festinhas de aniversário por exemplo.
O que vejo é que no dia a dia uma base de origem animal, complementada por frutas e vegetais, sem dúvida é a melhor forma de alimentar um bebê e uma criança, mas temos que considerar que esses não são os únicos alimentos que seu filho será exposto ao longo da vida e que os primeiros meses são decisivos para expor o imunológico dele aos alérgenos.
A decisão é sua
A decisão em relação aos alérgenos que serão oferecidos cabe aos pais, considerando os pontos acima e se for o caso a orientação de um especialista.
É sempre bom aproveitarmos a janela imunológica pra apresentá-los ao bebê, já que nesse período entre os 6 e 9 meses de idade, o sistema imunológico do pequeno ainda é imaturo e, caso ele tenha alguma reação alérgica, a tendência é que seja mais suave. Caso você não tenha oferecido algum alergênico nesse período, não se preocupe. Apenas ofereça e observe qualquer sinal que possa indicar alguma reação.