Alimentação ao longo dos meses

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Após as primeiras semanas, quando o bebê já começou a se acostumar com a ideia de comer alimentos sólidos, você pode começar a introduzir uma maior variedade de sabores e aumentar gradualmente as quantidades e o número de refeições.

Alimentos

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Após as primeiras semanas, você vai notar que seu bebê estará aceitando melhor a comida, mais adaptado à rotina de se alimentar e provavelmente comendo mais.

Ainda assim, minha recomendação é que você continue priorizando os alimentos de origem animal ricos em ferro, bem como os alimentos que ofereçam mais energia e que veja frutas e vegetais como complementares.

Nesse momento, é interessante já começar a pensar mais em variedade de alimentos, de texturas e também de temperos, além de oferecer mais alérgenos do que os apresentados nas primeiras semanas.

Alimentos de origem animal 🥩

Recomendo alimentos nutritivos e com preparos simples, com foco em alimentos ricos em nutrientes importantes como ferro, zinco, proteína e gordura.

Boas opções de alimentos de origem animal que são muito nutritivos:

  • Carnes
  • Vísceras
  • Ovos
  • Peixes
  • Laticínios
  • Caldo de carne e de ossos

Agora que seu bebê está mais confortável com a alimentação, você pode usar a lista de alimentos recomendados disponível no módulo Alimentos e bebidas para ter ideias do que oferecer ao seu bebê.

Alimentos de origem vegetal 🥕

Outras opções de alimentos de origem vegetal para complementar os alimentos acima, se você quiser apresentá-los desde a primeira semana:

  • Raízes, como batata e inhame
  • Tubérculos, como cenoura e beterraba
  • Frutas da estação
  • Vegetais

Quando apresentar vegetais, é interessante acrescentar gordura, como manteiga ou óleo de coco, para melhorar o sabor, a aceitação e ainda ajudar na digestão.

Temperos 🌿

Agora é interessante você apresentar uma maior variedade de temperos, para variar o sabor dos alimentos e estimular o paladar do seu bebê.

Variedade 🍲

É importante variar a oferta dos alimentos, tentando oferecer diferentes opções ou combinações a cada dia.

Alérgenos

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É recomendado que os bebês sejam apresentados a alimentos alergênicos aos 6 meses de idade, pois isso ajuda a diminuir o risco de desenvolver alergias alimentares.

Nas sugestões para as primeiras semanas, já constavam três alérgenos comuns: o ovo inteiro, a sardinha e o iogurte.

Agora é a hora de apresentar os outros alérgenos alimentares conhecidos, como:

  • Soja 🌾
  • Trigo 🌾
  • Peixes 🐟
  • Frutos do mar 🦐
  • Leite e laticínios 🥛
  • Sementes de gergelim 🌱
  • Oleaginosas (como amendoim, amêndoas, cajus, nozes) 🥜

Ao introduzir alérgenos ao bebê pela primeira vez, comece com uma pequena porção e observe cuidadosamente os sinais de alergia ou sensibilidade após a primeira mordida. Se nenhum sintoma se desenvolver após 5 a 10 minutos, ofereça o restante.

Você pode conferir mais informações sobre alergias no módulo Alergias e intolerâncias.

Refeições

Como comentei no módulo da abordagem que recomendo, acredito que o melhor caminho para a introdução alimentar é seguir as orientações do método BLISS.

Relembrando, no BLISS os pais devem ser incentivados a oferecer 3 tipos de alimentos em cada refeição:

  1. Um alimento rico em ferro 🥩
  2. Como carne, frango, peixe, cordeiro, porco, fígado e de origem vegetal como feijão, lentilhas, grão de bico.

  3. Um alimento rico em energia 🥔
  4. Mais de 1,5 kcal/g, por exemplo, abacate, banana, queijo, manteiga, azeite de oliva, abóbora, batata, batata doce etc.

  5. Um alimento como uma fruta ou vegetais 🍓
  6. Frutas ou vegetais menos calóricos, mas com baixo teor de energia, como o morango ou brócolis.

Considerando essas orientações, vejo que a melhor forma de montar as refeições principais (café da manhã, almoço e jantar) para o seu bebê, após as primeiras semanas, é tentar oferecer alimentos desses 3 grupos.

Em relação às frutas e vegetais menos calóricos, se estiverem sendo oferecidos no almoço e jantar, não há obrigatoriedade de oferecer no café da manhã.

Você pode conferir exemplos de refeições principais seguindo o BLISS no módulo Materiais.

Lanches

Em refeições menores como os lanches da manhã, da tarde e a ceia, pode ser mais difícil acatar as orientações acima, porém reforço que frutas e vegetais pouco calóricos não são boas opções para lanches, por serem baixas em proteína e gordura, ferro e também em calorias.

Nesse caso, quando não seguir as recomendações do BLISS totalmente, ao menos foque na oferta de um alimento rico em ferro sozinho ou um alimento rico em energia ou a combinação de ambos.

Frutas e vegetais pouco calóricos podem sim compor esses lanches, mas não devem ser oferecidos de forma isolada.

A quantidade e os horários dos lanches variam conforme o apetite do seu bebê e a rotina da sua casa. Você pode conferir exemplos de lanches no módulo Materiais.

Planejando as refeições

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É muito fácil que o adulto acabe comendo com menor variedade e acabe replicando isso para o seu bebê na introdução alimentar.

Porém, temos que lembrar que a variedade já não é mais tão importante para o adulto, mas é essencial para o bebê para que ele contato com diferentes sabores e texturas, o que ajuda que seja menos seletivo, a desenvolver o paladar, a reduzir o risco de desenvolver alergias alimentares e a desenvolver habilidades motoras.

Sendo assim, aconselho que você se programe para comprar e preparar os alimentos que deseja oferecer ao bebê. Com esse planejamento, você garante que ele não estará comendo sempre as mesmas coisas.

Compartilhe refeições

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Você pode compartilhar comida com seu bebê desde a primeira mordida, o que torna a organização e planejamento das refeições mais simples. Imagina só ter que preparar uma refeição para seu filho e outra completamente diferente para você, isso daria um trabalhão. Mas não precisa ser assim.

Se você quer que seu filho coma bem, você também deve estar fazendo o mesmo e pode inclusive aplicar boa parte das recomendações deste Guia para sua própria alimentação.

Comer alimentos sólidos é uma nova habilidade, e os bebês precisam ver como é feito para entender o que fazer. O bebê vai aprender muito observando você saborear uma ampla variedade de alimentos nutritivos e saborosos.

Oferta

Após as primeiras semanas você pode continuar oferecendo os alimentos com a colher, porém como esclareci no módulo da abordagem que recomendo, entendo que a melhor forma de oferta é a mista, onde em algumas refeições o bebê é alimentado e em outras ele tem autonomia para fazer isso sozinho.

A medida que as semanas vão passando e o bebê se desenvolve, é cada vez mais importante que você incentive que ele tenha mais autonomia ao se alimentar, seja levando a colher até a boca ou comendo com as mãos.

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Consistência

Outro ponto importante é ir evoluindo a consistência dos alimentos para estimular a mastigação e as habilidades motoras finas.

Evolução de consistências

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À medida que o bebê se desenvolve, a consistência dos alimentos deve evoluir de purês uniformes para texturas mais grossas e grumosas, que ajudam no desenvolvimento das suas habilidades de mastigação.

À medida que crescem e o movimento de pinça melhora, você pode diminuir lentamente o tamanho dos pedaços de comida para mordidas menores.

  • A partir de 6 meses
  • Alimentos bem triturados ou amassados com o garfo, com textura lisa e uniforme ou pedaços maiores que possam ser pegos pelo bebê.

  • Entre 7 a 9 meses
  • Alimentos podem ser amassados de forma mais grossa, com a textura menos homogênea para começar a estimular a mastigação.

  • A partir de 9 meses
  • Quando o bebê estiver realizando o movimento de pinça com o polegar e o indicador, você pode oferecer alimentos cortados em cubinhos para serem pegos com a mão, desde que ainda estejam bem macios.

Pegas do bebê

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Aos 6 meses o bebê pega os alimentos usando a mão inteira, por isso o ideal é oferecer cortes maiores (que tenham um tamanho igual ao dobro do punho do bebê fechado, de modo que possa segurar com a mão inteira fechada e ainda sobre um pedaço para ser levado até a boca) que o bebê consegue manipular e comer.

Entre o 8º aos 11º mês, seu bebê desenvolverá a “pega em pinça”, que significa tocar o indicador com o polegar, permitindo-lhe agarrar objetos menores. Agora é hora de alguns alimentos adequados para os dedos, dando ao seu bebê a chance de praticar essa nova pegada e ficar mais confiante com a alimentação própria.

Com 7 meses, o bebê tem dificuldade para pegar pedaços pequenos de pêra.
Com 7 meses, o bebê segura facilmente uma fatia de pêra maior que a sua mão.

Por isso, aos 6 meses são oferecidos pedaços maiores e aos 9 meses cubos menores.

Formas de preparo

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Os métodos de preparo podem e devem ser variados, ajudando a modificar a textura e o sabor dos alimentos, contribuindo para a ampliação do paladar do bebê.

Um mesmo alimento pode ter texturas completamente diferentes dependendo do modo de preparo. Por exemplo, a carne pode ser macia e suculenta quando cozida lentamente, crocante e caramelizada quando grelhada, ou tenra e desfiada quando assada por várias horas. Esses diferentes métodos de preparo não só alteram a textura da carne, mas também intensificam e modificam o seu sabor, proporcionando uma experiência culinária diversificada.

Outra vantagem de alterar os preparos é o estímulo à mastigação: com diferentes texturas, o bebê exercita diversos músculos faciais, o que é crucial na introdução alimentar.

A única regra é garantir que os alimentos estejam sempre macios e cortados em pedaços seguros, reduzindo significativamente o risco de engasgo.

Portanto, diversifique os preparos, por exemplo:

  • Grelhando
    • Frigideira
    • Churrasqueira
  • Assando
    • Forno
    • Air fryer
  • Cozinhando
    • No vapor
    • Ensopando
  • Fritando
    • Air fryer
    • Com gordura animal em pequenas quantidades

Quantidade

As quantidades podem ser gradualmente aumentadas conforme o apetite do bebê cresce e ele se acostuma a comer mais. Isso pode variar de bebê para bebê, mas uma progressão típica é:

  • A partir de 6 meses
  • 2 a 3 colheres de sopa por refeição principal.

  • 7 a 8 meses
  • 3 a 4 colheres de sopa por refeição principal.

  • 9 a 11 meses
  • 4 a 5 colheres de sopa por refeição principal.

  • 1 a 2 anos de idade
  • 5 a 6 colheres de sopa por refeição principal.

Essas quantidades servem apenas como referências e não devem ser seguidas de forma rígida, uma vez que as características individuais da criança devem ser respeitadas. Mais importante que a quantidade em número de colheres é monitorar como está o desenvolvimento e saúde do bebê, conforme explico no módulo sobre sinais de fome e saciedade.

Frequência

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O número de refeições depende muito da rotina e da aceitação do bebê. Abaixo coloquei alguns parâmetros gerais para você se basear. Note que a medida que o bebê cresce, a frequência aumenta e que essas refeições são complementares ao leite materno ou fórmula, que ainda são importantes fontes de nutrição.

É importante esclarecer que, embora muitos adultos se saiam bem fazendo de uma a quatro refeições por dia, os bebês precisam de mais refeições (que contemplam leite ou fórmula e alimentos sólidos) pois estão em fase de crescimento. Por isso, não replique seu padrão de frequência alimentar ao seu bebê e não o submeta ao jejum intermitente.

Parâmetros gerais de número de refeições:

  • A partir de 6 meses
  • Cerca de 3 refeições.

  • De 7 a 11 meses
  • Cerca de 4 refeições.

  • A partir de 12 meses
  • Cerca de 5 refeições.

Use esses parâmetros como referência, porém não se preocupe em adaptar sempre que necessário. Assim como na questão da quantidade, também em relação à frequência o mais importante é que você observe os sinais de boa saúde e de desenvolvimento do seu bebê.

Substituindo mamadas

Principalmente quando você notar que o bebê se alimentou bem e demonstrou sinais de saciedade, você pode entender que essa refeição está apta a substituir uma mamada.

No entanto, continue observando os sinais do seu bebê para compreender suas necessidades e para ofertar o leite materno ou fórmula em livre demanda.

Horários

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A alimentação é muito pessoal e cabe aos pais decidir a que hora do dia oferecer alimentos, porque não há um horário perfeito.

Crie um padrão

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Estabelecer horários consistentes ajuda a criar uma rotina previsível para o bebê, o que pode reduzir a ansiedade e aumentar a segurança emocional. A regularidade das refeições ensina ao bebê a expectativa de quando a comida será oferecida.

Também ajuda a regular o metabolismo do bebê e promove uma melhor digestão, uma vez que o corpo começa a se preparar para a ingestão de alimentos em momentos específicos.

Estabelecer um padrão para as refeições também facilita a organização da família, permitindo que os pais planejem suas atividades e compromissos em torno desses horários fixos, garantindo que o bebê seja alimentado em um ambiente calmo e sem pressa.