Na introdução alimentar, é importante oferecer uma variedade de alimentos reais e nutritivos.
Os bebês necessitam de uma dieta mais variada em comparação aos adultos por diversas razões. Em primeiro lugar, a variedade na alimentação ajuda a garantir que o bebê receba uma ampla gama de nutrientes necessários para seu crescimento e desenvolvimento. Cada alimento possui uma combinação única de nutrientes, portanto, oferecer uma variedade de alimentos ajuda a garantir que o bebê receba todos os nutrientes de que precisa.
A variedade também é importante para o desenvolvimento do paladar do bebê. A exposição a diferentes sabores pode ajudar a desenvolver uma preferência por uma ampla variedade de alimentos, o que pode levar a uma alimentação mais nutritiva à medida que o bebê cresce.
Por isso, acredito na abordagem de priorizar alimentos de origem animal e oferecer vegetais e frutas como complementos, a depender das preferências e necessidades.
Abaixo fiz uma relação dos principais alimentos recomendados, assim como os principais cuidados com cada um ao oferecer para o seu bebê.
Carnes
Pense assim: o leite materno é gordura e proteína animal, portanto outras gorduras e proteínas animais são os primeiros alimentos sólidos ideais.
Carne é um alimento rico em proteínas e gordura para alimentar o rápido crescimento do bebê. Ela também é cheia de outros nutrientes essenciais, como ferro, zinco, selênio, colina e vitamina B6. Juntos, esses nutrientes garantem um metabolismo saudável, apoiam o crescimento e o desenvolvimento, constroem um sistema imunológico forte e trabalham para prevenir a anemia.
Ao introduzir carnes na dieta do bebê, opte por cortes cozidos para garantir a segurança alimentar. Você pode oferecer carnes em patê, moídas, desfiadas ou picadas em pedaços pequenos para facilitar a ingestão.
O único cuidado com relação à carne é não oferecer muito mal passada ou crua.
Nos módulos seguintes vou falar mais sobre a textura das carnes e como ela varia conforme seu bebê se desenvolve.
Ovos
Os ovos são uma excelente fonte de proteína e gordura, incluindo DHA, um tipo de ácido graxo ômega 3. Eles também são ricos em colina, iodo, ferro, selênio, zinco e folato, além de vitaminas A, B12 e uma das únicas fontes alimentares de vitamina D.
Além disso, eles contêm os carotenoides luteína e zeaxantina, que ajudam a dar suporte à visão. Juntos, esses nutrientes dão suporte ao crescimento, desenvolvimento, saúde cerebral, funcionamento dos glóbulos vermelhos, imunidade, percepção do paladar, processo metabólico, densidade óssea e muitas outras funções.
É importante cozinhar os ovos para aumentar a segurança alimentar. Além disso, evite usar ovos rachados ou sujos. Você pode oferecer ao seu bebê tanto ovos de galinha como de codorna.
Vísceras
Fígado de boi
Em muitas culturas tradicionais, o fígado é um primeiro alimento comum por sua densidade nutricional. Ele é uma fonte excepcional de ferro heme, mais facilmente absorvido pelo corpo e essencial para a formação de hemoglobina e prevenção da anemia.
Além disso, é rico em vitamina A, que é crucial para a saúde ocular, crescimento e função imunológica. Também fornece uma quantidade significativa de vitamina B12, necessária para a formação de células sanguíneas e função neurológica, bem como folato e outros minerais como zinco e cobre, que são vitais para o desenvolvimento e crescimento saudável.
O fígado pode ser oferecido para o bebê tanto grelhado como amassado em forma de purê e misturado com outras carnes ou gorduras animais.
Tenha em mente que o fígado bovino contém quantidades elevadas de vitamina A, necessária para o desenvolvimento do sistema imunológico, dos olhos e da pele dos bebês, mas que é preciso atenção para que não seja consumido em excesso (não é necessário consumir mais do que 2 vezes por semana).
Fígado de galinha
O frango pode ser uma das proteínas mais consumidas no mundo, mas o poderoso fígado às vezes é esquecido — embora seja um dos alimentos mais nutritivos que podemos comer.
O fígado de frango é uma fonte incrível de ferro, vitamina A, vitamina B12 e outras vitaminas B, como folato, colina e biotina. Ele também oferece selênio para dar energia à tireoide e zinco para fortalecer o sistema imunológico.
Outras vísceras
Embora o fígado seja um dos alimentos mais nutritivos que podemos oferecer para o bebê, existem outras vísceras que também podem trazer benefícios para a saúde.
O coração de boi e o coração de frango, por exemplo, são ricos em proteínas e taurina, um aminoácido que ajuda no desenvolvimento do cérebro e dos olhos. A língua é uma ótima fonte de ferro e zinco, enquanto o rim fornece uma boa quantidade de vitamina B12, ferro e outros minerais. O bucho e a moela, que são partes do estômago de animais ruminantes e de aves, respectivamente, são fontes ricas em proteínas.
Medula
A medula óssea é a substância gelatinosa encontrada no meio dos ossos dos animais, geralmente os ossos do fêmur de uma vaca, mas outros ossos também são usados, de cordeiro a alce e muito mais. Os humanos há muito apreciam esse alimento, rico em gordura, sabor e proteínas. Em alguns pratos, a medula é retirada ou sugada diretamente do osso, enquanto em outros, os ossos da medula são usados para dar sabor a sopas e caldos.
A medula óssea é rica em gordura, incluindo ácidos graxos ômega-3, além de ferro, selênio e zinco, além de vitaminas A, B12, E e K. Juntos, esses nutrientes apoiam o crescimento, o desenvolvimento e a saúde dos glóbulos vermelhos, função imunológica, visão, saúde da pele, coagulação sanguínea e muito mais.
A forma mais fácil de consumir medula é através do corte bovino Ossobuco. Outra opção é pedir para o açougueiro um osso que tenha tutano. 🦴
Laticínios
Leite de vaca
Na impossibilidade do aleitamento natural durante o 1º ano, a indicação é usar fórmulas.
Comparado ao leite materno ou à fórmula, o leite de vaca é nutricionalmente incompleto, o que significa que não fornece todas as gorduras e nutrientes saudáveis que seu bebê precisa para se desenvolver. Embora o leite de vaca seja a base para a maioria das fórmulas infantis, ele é modificado na fórmula para torná-lo nutricionalmente semelhante ao leite humano.
Além disso, o consumo precoce de leite de vaca pode substituir outros alimentos mais nutritivos que o seu bebê estaria comendo, trazendo o risco de deficiências nutricionais.
Contudo, o leite de vaca, utilizado dentro de preparações culinárias, pode ser ofertado desde os 6 meses. Já ele puro pra consumo, o ideal é que seja só após os 12 meses.
Queijo
O queijo de qualquer tipo de leite, desde que seja pasteurizado, pode ser introduzido assim que o bebê estiver pronto para começar a comer alimentos sólidos.
Os queijos são ricos em proteínas, gordura, cálcio, selênio, zinco e vitaminas A e B12. Juntos, esses nutrientes trabalham para fornecer os blocos de construção para o crescimento, desenvolvimento e função cerebral. Eles também ajudam a apoiar a densidade óssea, a percepção do paladar, a visão, a energia e a imunidade.
Dê preferência para esses queijos: Queijo minas padrão, Muçarela, Muçarela de búfala, Ricota, Cottage, Queijo de cabra. Na hora da escolha, tenha em mente que um bom queijo deve conter apenas 4 ingredientes: Leite pasteurizado, Coalho, Fermento ou cloreto de cálcio e Cloreto de sódio ou sal.
Minha sugestão é de que evite ofertar queijos não pasteurizados e curados com mofo, pois apresentam um risco maior de doenças de origem alimentar. Não ofertar: gorgonzola, brie, camembert e roquefort, nem queijos processados como o cheddar, requeijão, catupiry. O queijo fresco que vende na feira também não é recomendado porque, na maioria das vezes, não foi feito de leite pasteurizado e tem alto risco de contaminação.
Os queijos duros como parmesão por exemplo oferecem risco de engasgo, então ofereça apenas ralado ou derretido/gratinado. Cuide também para o bebê não ficar com uma grande quantidade de queijo derretido/cremoso na boca, pois ele pode formar uma bola e causar engasgo.
Iogurte
Pode ser introduzido assim que o bebê estiver pronto para começar a comer.
O iogurte contém altos níveis de cálcio, importantíssimo para o desenvolvimento ósseo, um pouco de vitamina A para a saúde dos olhos, pele e sistema imunológico, todas as vitaminas B para energia, zinco para a saúde imunológica e potássio. O iogurte também é uma ótima fonte de proteína, carboidratos e gorduras.
As culturas probióticas que transformam o leite em iogurte podem ser incrivelmente benéficas para os bebês, cujo microbioma se desenvolve rapidamente nos primeiros anos de vida. Como o microbioma pode influenciar a saúde cardíaca, cerebral, metabólica e, especialmente, imunológica, a ingestão regular de alimentos ricos em probióticos, como o iogurte, constrói colônias microbianas benéficas no intestino. Certifique-se de oferecer iogurte de leite integral ao bebê. Um bom iogurte deve ser natural, integral e só precisa ter 2 ingredientes: leite e fermento lácteo.
Fuja daqueles com embalagens infantis, listas extensas nos ingredientes, cheios de açúcares, corantes e aditivos. Nenhum bebê em nenhuma idade precisa desse tipo de ultraprocessado.
Nata e creme de leite
A nata e o creme de leite oferecem muita gordura e energia para ajudar a estimular o rápido crescimento e o desenvolvimento do bebê. Seu teor de gordura também ajuda a otimizar a absorção de alguns nutrientes de outros alimentos, como as vitaminas A, D, E e K, sendo uma excelente combinação com frutas e vegetais.
Cálcio além dos laticínios
O cálcio é um micronutriente super importante para o desenvolvimento saudável do bebê porque ajuda no crescimento e desenvolvimento de estruturas importantes como ossos, dentes, ajuda na contração dos músculos e de transmissões do sistema nervoso. A partir dos 6 meses, já devemos introduzir alimentos fonte desse mineral na alimentação dos pequenos.
Em casos em que os laticínios não podem ser ofertados, outras boas fontes são:
- sardinha
- salmão
- brócolis
- espinafre
- couve
Dê preferência para alimentos de origem animal para satisfazer as necessidades de cálcio.
Gorduras
Os bebês precisam de gordura nessa idade para dar suporte à estrutura celular, metabolismo, cérebro, intestino, sistema imunológico e desenvolvimento do sistema nervoso.
Manteiga
A manteiga é rica em gordura, que é uma fonte concentrada de energia para abastecer o rápido crescimento e desenvolvimento do bebê. Especificamente, a manteiga oferece muita gordura saturada, que é um dos tipos mais abundantes de gordura no leite materno.
Manteiga Ghee
A manteiga ghee tem um sabor mais rico e uma textura mais cremosa do que a manteiga regular, o que pode torná-la mais atraente para o paladar do bebê.
Banha de porco
Banha é gordura do abdômen de um porco (ou suíno) que é processada e clarificada para uso na culinária e também é um exemplo de gordura que deve estar presente na dieta. Ela é uma das melhores fontes de vitamina D, um nutriente do qual a maioria das pessoas tem deficiência hoje, inclusive os bebês.
Além disso, a banha contém colina, que é um nutriente importante que não é encontrado em grandes quantidades em muitos outros alimentos.
Sebo bovino
O sebo bovino é a gordura fundida da carne bovina. O sebo bovino é uma fonte potente de vitaminas lipossolúveis A, D, E e K. Essas vitaminas desempenham papéis cruciais em várias funções corporais, incluindo suporte imunológico, saúde óssea e proteção antioxidante.
O sebo além de conter Vitaminas A, D, K, E e B12, também é fonte de colina, CLA e outros ácidos graxos, incluindo ácido oleico, ácido palmitoleico, ácido esteárico , ácido linoléico.
Óleo de coco
O óleo de coco é uma excelente fonte de gordura que funciona bem em uma variedade de pratos. Em particular, o seu teor de gordura fornece energia para o rápido crescimento e desenvolvimento do bebê. A presença de triglicerídeos de cadeia média, como o ácido láurico, é benéfica para os bebês.
O óleo de coco auxilia no desenvolvimento do sistema imunológico, no crescimento e desenvolvimento geral do bebê e pode ajudar a absorver nutrientes de vegetais quando começam a comer alimentos sólidos.
Azeite de oliva
Boa fonte de gorduras saudáveis e do antioxidante vitamina E, que apoia o desenvolvimento imunológico e neurológico saudável em bebês em crescimento. Também contém polifenóis – compostos vegetais que oferecem benefícios anti-inflamatórios e apoiam a saúde cardíaca.
O azeite mantém seu valor nutricional após a produção se for mantido em um ambiente fresco e escuro. Portanto, evite guardar o azeite no balcão e guarde as garrafas longe da luz e do calor.
Peixes e frutos do mar
Eles são ricos em ácidos graxos ômega-3, particularmente o DHA, essencial para o desenvolvimento cerebral e visual. Além disso, são excelentes fontes de proteínas de alta qualidade e micronutrientes vitais, como vitamina D, que é crucial para a saúde óssea, e iodo, que suporta a função tireoidiana adequada.
Minerais como zinco e ferro presentes em peixes e frutos do mar também contribuem para o fortalecimento do sistema imunológico e o crescimento saudável.
Os peixes e frutos do mar são alérgenos conhecidos, então deixei mais orientações sobre isso no módulo sobre alergias e intolerâncias.
Fermentados e probióticos
Alimentos fermentados são ricos em probióticos, que são bactérias benéficas para a saúde intestinal. A introdução de alimentos fermentados na dieta do bebê pode ajudar a promover um equilíbrio saudável da microbiota intestinal e fortalecer o sistema imunológico.
Opte por versões sem adição de açúcar e priorize as opções abaixo.
Iogurte natural
O iogurte é uma fonte de proteína rápida, fácil de encontrar e conveniente. Além disso, o que o torna tão especial é a presença de probióticos. O iogurte natural de leite integral é a escolha ideal para bebês, pois não contém adição de açúcar e fornece proteínas, gordura, vitaminas e minerais.
Kefir
Kefir pode ser introduzido em alimentos sólidos assim que o bebê estiver pronto para começar a comer alimentos sólidos , desde que não contenha mel ou adoçantes adicionados e desde que seja servido como um alimento sólido e não como uma bebida até os 12 meses de idade, porque o sistema digestivo do bebê pode não tolerar bem a proteína do leite de vaca em grandes quantidades.
Chucrute
O chucrute pode ser introduzido em pequenas quantidades aos 6 meses de idade. Embora não seja um alimento tradicional em muitas culturas, o chucrute é uma ótima maneira de expor seu filho a sabores azedos e trabalhar com alguns probióticos.
É cheio de vitaminas B, C e K — nutrientes essenciais para dar energia a muitas funções dentro do corpo em desenvolvimento do seu bebê. Como o chucrute é fermentado, ele oferece bactérias essenciais (probióticos) que ajudam a diversificar o microbioma intestinal do bebê, de onde se origina a maior parte do sistema imunológico.
Frutas
As frutas são um complemento interessante devido ao seu conteúdo nutricional. Elas são ricas em vitaminas e minerais, que são necessários para o desenvolvimento adequado. Também são uma ótima fonte de antioxidantes que protegem as células contra danos e de fibras. Introduzir uma variedade de frutas na dieta dos bebês também pode ajudar a desenvolver o paladar e a aceitação de diferentes sabores.
No entanto, é preciso lembrar que as frutas sozinhas não podem ser consideradas refeições principais. Apesar de serem saudáveis, uma fruta ou uma combinação de frutas não pode representar um café da manhã, almoço, jantar e nem mesmo um lanche da tarde.
Incentivo que você pense em frutas como “sobremesas da natureza", pois assim terá em mente que são um extra e não uma refeição em si.
Também incentivo que considere as frutas da estação de modo que haja mais variedade na dieta do bebê. Ainda, como algumas frutas se adaptam melhor a determinadas épocas do ano, é natural que elas se desenvolvam e captem mais nutrientes do solo em que estão crescendo. Por esse motivo, podem apresentar valor nutricional muito maior do que quando consumidas fora de época e ainda trarão menos agrotóxicos.
Todas as frutas podem ser consumidas desde o início da introdução alimentar. O que você precisa observar é que esta fruta esteja na textura e no tamanho adequado para o seu bebê.
Opte por frutas frescas e maduras e para frutas duras, como a maçã e a pêra, ofereça cozidas para ficares mais moles. A banana madura é uma ótima fruta para bebês porque contém enzimas amilase que ajudam a digerir carboidratos, é fácil de servir e tem um sabor que agrada a maioria dos bebês. Abacate, melão, manga e mamão podem ser amassados e servidos crus. Já outras frutas com alto teor de pectina, como pêssegos, damascos, maçãs, peras, cerejas e frutas vermelhas, idealmente devem ser cozidas para quebrar a pectina, que pode ser irritante para o trato digestivo. O processo de cozimento decompõe a pectina, permitindo que seja mais facilmente digerível.
Vegetais
Os vegetais podem ser oferecidos como extras, complementando os alimentos principais.
Embora os vegetais sejam ricos em fibras, vitaminas e minerais importantes, eles são relativamente baixos em calorias. Isso significa que, se os pais se concentrarem demais nos vegetais na dieta do bebê, isso pode levar a uma ingestão insuficiente de energia. Lembre-se, os bebês têm uma necessidade calórica alta devido ao seu rápido crescimento e desenvolvimento, então é crucial garantir que eles obtenham energia suficiente de suas dietas. Portanto, embora os vegetais devam ser incluídos na dieta do bebê, eles devem ser complementados com alimentos mais calóricos e nutritivos.
Todos os vegetais devem ser cozidos e idealmente devem ser oferecidos com gordura, como manteiga, para facilitar a digestão. Higienize bem os vegetais antes de oferecer ao seu bebê.
Algumas formas de oferecer os vegetais para os bebês: chips de vegetais, vegetais com queijo, com o hambúrguer, em omelete.
Oleaginosas
A introdução precoce de alimentos alergênicos (como nozes, castanha do caju, amêndoas etc) pode realmente ajudar a proteger seu filho contra alergias, pois à medida que o sistema imunológico se desenvolve, queremos introduzir intencionalmente alimentos alergênicos e continuar a expor o sistema imunológico a eles, para que o sistema imunológico seja treinado para reconhecê-los como ‘amigáveis’ e não como uma ameaça.
Oleaginosas, como amêndoas, nozes e castanhas, são ricas em gorduras, fibras e vitaminas e minerais. Em sua forma original não devem ser dadas aos bebês, pois podem engasgar.
Você pode dar oleaginosas (e também amendoim - leguminosa) ao seu bebê a partir dos 6 meses de idade, desde que sejam triturados, moídos ou em forma de pasta para evitar o risco de engasgo. Se a pasta estiver muito grossa/pegajosa, sugiro diluição dela em água, leite materno/fórmula ou iogurte.
Se estiver usando uma pasta comprada em loja, certifique-se de que ela não contenha açúcar, óleos ou conservantes e tome cuidado com a oferta, já que essas pastas tendem a ser muito grossas e pegajosas e grandes pedaços podem ser perigosos para asfixia.
Arroz e feijão
Estes dois alimentos são bastante comuns na dieta dos brasileiros, o que naturalmente leva à questão: os bebês podem consumi-los? A resposta é sim, até podem, apesar de eu particularmente não achar tão interessante.
Embora o feijão seja uma fonte de ferro, ele não substitui a carne nesse aspecto. O ferro presente na carne é mais facilmente absorvido pelo organismo do que o ferro encontrado no feijão. Portanto, mesmo que o feijão seja incluído na dieta do bebê, isso não elimina a necessidade de oferecer carne e outros alimentos ricos em ferro.
A presença de antinutrientes no feijão faz com que o ferro presente nele (o não heme) seja pouco absorvível. Esses antinutrientes, como os fitatos, interferem na absorção do ferro pelo corpo, tornando-o menos disponível para ser utilizado pelo organismo. Portanto, mesmo que o feijão seja uma fonte de ferro, a quantidade efetivamente absorvida é significativamente menor em comparação ao ferro heme encontrado em carnes.
Se decidir por oferecer, para reduzir o risco de asfixia, cozinhe os feijões até que estejam bem macios e você pode amassar levemente os feijões para achatá-los um pouco antes de oferecê-los ao bebê. Vale também deixar o feijão de molho antes de cozinhá-lo.
Em relação ao arroz, tanto o arroz branco quanto o integral até podem fazer parte da dieta dos bebês, mas devem ser oferecido com moderação, alternando com outras fontes de carboidratos mais nutritivas (batata, batata doce, inhame, mandioquinha, mandioca, abóbora etc). Geralmente, o arroz integral tende a ter mais arsênico do que o arroz branco. Isso ocorre porque o arsênio é mais concentrado na camada externa do grão, que é removida para fazer o arroz branco. Porém, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o nível de arsênio no arroz brasileiro está dentro do padrão considerado seguro.
Como os grãos do arroz são muito pequenos (e difícil do bebê pegar), o ideal é fazer um bolinho depois de cozido ou ofertar o arroz bem cozido e amassado.
Concluindo, embora o arroz e feijão possam ser ofertados por fazerem parte da dieta comum dos brasileiros, eles não são os alimentos mais interessantes para o bebê. Quando oferecidos, recomendo que seja em pequena quantidade e de forma esporádica. Lembre-se, o foco principal na alimentação do bebê deve ser em alimentos ricos em nutrientes e facilmente digeríveis e absorvíveis.